domingo, 21 de junho de 2015

Tema:

Adoração e Culto segundo Deus



Adoração e Culto na Bíblia

Martinho Lutero disse: “Ter um Deus importa em cultuá-lo e adorá-lo.” O antigo hebreu, banido de sua terra natal e de seu tradicional lugar de culto e adoração, se assentava junto às águas da Babilônia e soluçava: “Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza” (Sal. 137:5). Ele achava que nada estava dando certo para ele, visto que o seu culto e adoração não estavam em ordem.
A renovação da alma é essencial, se queremos ter sucesso na arena social. A nossa era tem dado uma ênfase apropriada a Jesus como “o homem para os outros”, mas muitas vezes tem esquecido Jesus, o homem da parte de Deus. O costume de secularizarmos o sagrado nos tem dado um alvo certo por que viver, mas não nos tem dado recursos com que viver. Jesus constantemente recordava aos seus seguidores que as suas boas obras eram feitas por um poder que não era dele. Freqüentemente, ele voltava-se para Deus, para renovar esse poder. Sem a adoração, a fé morre, o poder moral degenera e a palavra profética se perde. Sem a visão da santa cidade de Deus, o sonho de uma cidade reta e feliz aqui na terra perece irremediavelmente. Se considerarmos o culto como um espelho da realidade, em que percebemos Deus e nós mesmos no mais profundo nível, ela torna-se um alargamento de nossa percepção e uma consciência, sem a qual podemos apenas fingir que estamos vivendo.
Para o hebreu antigo, o culto era a consciência de Deus. Era aproximação
Charles A. Trentham
de Deus. Era também algo que ele fazia para aumentar essa consciência. “Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou” (Sal. 95:6). O culto era também o meio através do qual ele proclamava o valor peculiar de seu Deus (Sal. 95:3).
A percepção de Israel e a sua reação em relação a Deus se originaram da experiência dessa nação na história. Eventos memoráveis determinaram a forma de seu culto, e esta, por seu turno, influenciou os padrões de culto do novo Israel.
I. O Culto no Velho Testamento
1. Entre os Patriarcas. A primeira referência a um ato de culto, na Bíblia, aparece em Gênesis 4:3,4, onde se fala das ofertas de Caim e Abel, e o último versículo desse capítulo, provavelmente, se refere ao início do culto de maneira geral. Mas esse livro não explica por que os rituais tiveram início; isto subentendeu-se quando a narrativa foi escrita. Na época de Noé, o sacrifício de animais devia ter sido reconhecido como a forma aceitável de culto (Gên. 8:20).
O culto dos patriarcas era diferente do de seus vizinhos pagãos, porque era baseado não em ritos agrícolas ou de fertilidade, mas em visitas de Deus aos patriarcas. Eles edificaram os seus altares e lugares de culto onde Deus ou os representantes de Deus apareceram (Gên. 12: 7; 28:18; Êx. 17:15). A promessa de Deus a Abraão foi repetida a Isaque, e ele reagiu de maneira semelhante, em
Gênesis 26:24,25. A visão que Jacó teve de Deus levou-o a dar, ao lugar do encontro, o nome de “Betei” (casa de Deus) e a fazer o seu voto memorável. Depois da reconciliação de Jacó com Esaú, Deus chamou aquele para fazer um altar e executar um ritual de purificação e troca de vestes (Gên. 35:1-4).
Este acontecimento revela o aspecto familiar do culto nesse período. Embora pareça primitivo, o culto entre os patriarcas era pessoal e familiar, e estava ligado, inseparavelmente, com um comportamento reto diante de Deus. Esses homens criam que Deus lhes estava muito próximo e era mui real (Gên. 18:1).
2. Do Egito a Canaã. Esse senso de percepção imediata da presença de Deus é mostrado na experiência de Moisés com um arbusto em fogo — a sarça ardente (Êx. 3:1-6). Ela o preparou para a sua confrontação com Faraó, e o culto foi a base de sua exigência de que os israelitas fossem libertos (Êx. 5:1-3).
A apoteótica experiência de libertação da escravidão egípcia foi celebrada na Festa da Páscoa (Êx. 12:11; 34:25). Ela também era conhecida como Festa dos Pães Asmos, e tornou-se o mais importante dos festivais de Israel. Embora ela possa ser relacionada com obser- vâncias pré-israelitas, a sua relação com o ato de Deus no Egito tomou-a central no culto a Yahweh. Sabemos muito mais a respeito de sua celebração da parte do Novo Testamento do que do Velho.
Depois de atravessar o Mar Vermelho, Moisés e o povo de Israel cantou ao Senhor o cântico que consta em Êxodo 15:1-19. Era característico de Israel prestar louvor a Deus por seus atos poderosos. Eles não apenas cantaram, mas Mi- riã tomou o seu pandeiro e liderou as mulheres na dança.
O período em que o povo de Deus ficou acampado nas cercanias do Monte Sinai foi também ocasião de memoráveis experiências de culto. O povo foi instruído a lavar as suas vestes e a evitar, a qualquer custo, qualquer contato com a montanha,
depois que Moisés o consagrou (Êx. 19:10-14). E, então, eles tremeram diante da dramática demonstração da presença de Deus antes de o Decálogo ser dado a Moisés. Depois disso, atos pactuais de culto foram executados (Êx. 24:3-8).
Antes de o povo deixar as fraldas do Sinai, o Senhor instruiu Moisés para fazer com que eles lhe construíssem “um santuário, para que eu habite no meio deles” (Êx. 25:8), conforme disse. Essa tenda grande com o seu mobiliário são descritos em Êxodo 25 a 27. Este consistia em altares para ofertas queimadas e para incenso, entre outras coisas, mas o seu objeto mais reverenciado era a arca do pacto, que ficava em um compartimento separado da tenda, chamado o santo dos santos. Essa caixa coberta de ouro provavelmente continha o Decálogo ou alguma outra lista de requerimentos do pacto. Em cada ponta de sua tampa de ouro sólido ficava um querubim, com suas asas estendidas para o outro, e, entre os querubins, ficava o propiciatório, e o lugar de habitação de Yahweh ficava acima desse propiciatório.
Sacrifícios, ofertas e observâncias dos tempos mosaicos são descritos em Êxodo 29:38-31:17. Depois que o tabernáculo havia sido edificado, tornou-se centro também de comunhão individual com Deus (Êx. 33:7-11), bem como o foco nacional de culto. De acordo com o livro de Números, os homens da tribo de Levi foram escolhidos “para fazerem o serviço da tenda da revelação (8:15). Desta forma, o culto israelita foi uma questão de desenvolvimento, de acordo com a necessidade e com as ordens divinas.
A entrada de Israel em Canaã e a queda de Jericó podem ser consideradas como pompa religiosa, tanto quanto procissões militares. Quando Israel se acampou em Gilgal, na margem oriental do Jordão, doze pedras de memorial foram carregadas do leito do Jordão, para lembrar, aos seus filhos, que Deus carregara o seu povo através do Jordão, como o fizera através do Mar Vermelho, “para que todos os povos da terra conheçam que a mão do Senhor é forte” (Jos. 4:24).
Ê provável que Gilgal tenha sido o lugar do primeiro ato de culto de Israel na Terra Prometida. Desta forma, esse local tomou-se um santuário importante; muitos anos mais tarde, Saul foi coroado ali. Ã medida que conquistou a terra, Israel também capturou os santuários dos cananeus. Cada aldeia, por menor que fosse, tinha o seu “lugar alto”. Outros santuários notáveis, desse período, foram Dã, Berseba, Siquém e Siló. As práticas pagãs começaram a influenciar tanto o culto quanto a moralidade dos israelitas, mas, depois da terceira distribuição do território conquistado, o povo “se reuniu em Siló, e ali armou a tenda da revelação” (Jos. 18:1).
3. O Culto nos Primórdios da Monarquia. A contenda com os pagãos foi difícil, tanto em termos de política quanto de religião. O livro de Juizes revela o quanto o culto a Baal minou a fé e o comportamento israelita. Na época de Samuel, a arca do pacto foi usada em vão, como fetiche, na tentativa de Israel de derrotar os filisteus. Quanto a arca foi capturada, Siló perdeu o seu significado como santuário de Deus. Culto regular em um lugar central não é mencionado desde Josué até I Samuel.
E, então, em II Samuel, começou um reavivamento do culto a Yahweh, sob a direção de Davi. Ele levou a arca para Jerusalém (II Sam. 6:15) e colocou-a em uma tenda especial. Mais tarde, ele comprou a eira de Omâ, como local para edificar um altar a Deus — e mais tarde o Templo de Salomão. Alguns eruditos acham que Davi combinou várias tradições religiosas para ajudar a fé de Israel a falar à sua época. Seja o que for que tenha acontecido, “ele elaborou os princípios, o espírito e algumas das formas” (Davies, p. 880) e foi o principal responsável pelo desenvolvimento da música no culto israelita (II Sam. 6:5; I Crôn. 24- 26) — desenvolvimento este de tremendo potencial espiritual.
4. No Templo. Da mesma forma como Israel alcançou um nível apoteótico e característico, em sua vida nacional, durante o reinado de Salomão, o Templo de Salomão marca uma nova era no culto da nação judaica. Era o mais atraente e permanente lugar de culto que o povo já conhecera. Os eruditos acham que ele emprestou algumas características artísticas e arquitetônicas de Canaã, Fenícia e Egito (I Reis 5:6; 7:14), mas certamente ele personificava a peculiaridade do culto de Israel nos símbolos centrais do jeo- vismo primitivo. Tendo levado sete anos para ser construído, o Templo foi um progresso significativo, além do local e das formas primitivas do culto anterior de Israel. Não é exato dizer-se que o conceito que Salomão tinha um lugar sagrado fosse uma inovação; Israel sempre dera valor proeminente a um lugar sagrado, em seu culto (isto é, o monte Sinai, vários locais para o tabernáculo e a arca, e, mais tarde, santuários como em Gilgal eSiló).
O calendário de culto de Israel se focalizava em três principais festivais de origem agrícola, mas de significado religioso. A Páscoa, observada na primavera, era também chamada Festa dos Pães Asmos (Êx. 12:1-13:16). No meio do verão, vinha a Festa das Semanas (Lev. 23:9-21), que, em o Novo Testamento, é chamada de Pentecostes. O terceiro festival, a Festa das Cabanas, enfatizava as ações de graças pela colheita; era uma alegre celebração, que durava uma semana, recordando as jornadas pelo deserto e a necessidade de um renovado pacto com Deus (Lev. 23:39-43).
Indubitavelmente, o livro dos Salmos, em vários estágios de desenvolvimento, tomou-se o livro de orações e de louvor dos Templos; o seu título hebraico significa “cânticos de louvor”. Ele era um repositório rico, tanto para culto público quanto privado, e continuou a desempenhar esse papel para judeus e para cristãos.
O Templo era, de maneira suprema, o lugar onde os adoradores se regozijavam diante de seu Deus, Eles traziam suas ofertas, dízimos e sacrifícios. O seu culto incluía a música, solos, antífonas, dança, procissões acompanhados por uma variedade de instrumentos musicais. A queima de incenso significava as orações do povo que subiam a Deus. Pregação simples e muitas espécies de oráculos proclamavam paz e segurança. As histórias heróicas dos patriarcas e soldados de Israel eram recitadas. Orações eram feitas; votos e vigílias eram observados. A recitação de credos, o pronunciamento de confissões, refeições e abluções sagradas e o acendimento de fogos sagrados faziam parte do culto de Israel. Este possuía rica variedade, e suscitava uma multidão de recordações sagradas, quando o povo pensava na multiforme misericórdia de Deus e nas poderosas libertações que ele operara.
5. Julgados Pelos Profetas. Porque Israel, por si mesmo, era tão errado moralmente, diziam os profetas, o seu culto era errado. Ele tentava substituir misericórdia por sacrifícios, mas Deus não os recebia (Is. 1:13). Todavia, isto não significa que os profetas condenavam toda a estrutura do culto e sacrifício. Nem mesmo o mais solene deles (Amós ou Jeremias) podia encontrar erro no regozijo expontâneo de Israel diante de Deus. Amós denunciou as suas festas excessivas (5:21-
24) e os atos de culto que ignoravam o arrependimento (4:4-6). Os profetas criticaram o culto hipócrita, do tipo que realizava os atos externos corretamente, mas não levava a um exame íntimo, ao arrependimento e à vida reta.
Contudo, Israel não ouviu as advertências dos profetas do oitavo século a.C. Os costumes religiosos dos países vizinhos foram introduzidos no Templo, e o culto foi ampliado, para incluir ídolos, ao lado de Yahweh. A reforma mais importante foi liderada por Josias, quando ele suprimiu a idolatria e tentou purificar o culto em Jerusalém (II Reis 23:4- 25). Porém, até mesmo a sua influência durou apenas o tempo de seu reinado. Dentro de cerca de quarenta anos, Jerusalém foi devastada por Nabucodonozor, o Templo foi queimado, e o seu mobiliário tomou-se despojo de guerra. Para muitos, em Judá, esta foi a catástrofe final; como poderiam eles cultuar sem o Templo?
6. O Culto Depois do Exílio. Durante os anos do cativeiro, pararam os rituais sacrificiais. As festas regulares não puderam ser celebradas, mas um estudioso sugeriu que as suas estações podem ter sido comemoradas como memoriais, quando as misericórdias de Deus eram renovadas e as suas esperanças reacendidas para o futuro. O sábado tornou-se o principal dia de culto regular.
Foi também durante esse período que a sinagoga pode ter começado, como substituta do Templo e como centro local de estudo e culto. Privado do culto no Templo, o povo apegou-se, cada vez mais à lei de Deus, de que era o único guardião. Como lugar de leitura e estudo da lei, a sinagoga era primariamente uma instituição de ensino. Mas o culto ali consistia de oração, leitura da Lei e dos Profetas, cântico de Salmos e ensino. Podemos presumir com certeza que o culto na sinagoga refletia bem, como contribuía para o intenso espírito de nacionalismo, zelo extremo pelas interpretações rabínicas da Lei, crescente expectativa escatológica e conceitos de devoção religiosa mais cerimoniais do que morais — características estas que expressavam um judaísmo em desenvolvimento. A literatura do período vetero- testamentário e suas implicações, verificadas claramente no ensino de Jesus, expressavam estas características do culto desse período.
Depois do exílio, o povo, que havia conservado as suas características através das décadas de cativeiro estrangeiro, continuou a observar as festas principais, mas fez algumas modificações nos padrões de culto. Os profetas cúlticos provavelmente tornaram-se os corais de cantores do Templo, que usaram diferentes coleções de salmos. A Festa dos Tabernáculos foi aumentada e dividida em três festivais: Dia do Ano Novo, Dia da Expiação e Festa dos Tabernáculos.
Presumimos que o segundo Templo não se comparava com o de Salomão em tamanho e beleza (Ag. 2:3), mas levou vários anos para ser construído e durou cerca de cinco séculos. Embora o seu santo dos santos não contivesse mais a arca, o Templo ainda era o centro de culto de Israel e o símbolo de sua dedicação a Deus.
7. O Papel do livro dos Salmos. Começando, provavelmente, com os esforços de Davi em favor do culto coletivo, foi usada uma coleção de Salmos como recurso para o culto. Depois que o Templo de Salomão foi edificado, e aumentou o número de seus dirigentes de culto, várias coleções de salmos passaram a ser usadas. E, então, depois do exílio, essas coleções foram, provavelmente, reunidas e editadas. Certamente, por volta do último quarto do terceiro século a.C., o livro havia alcançado o seu atual tamanho e organização. Desta forma, o Saltério teve uma continua influência no culto hebreu, tanto nos dias do primeiro Templo como nos do segundo. Os levitas cantavam os Salmos 24, 48, 81, 82 e 92 a 94 todas as semanas, no culto do Templo. Os Salmos 113 a 118 (Hallel) eram usados como parte da liturgia das grandes festas anuais de Israel. O culto na sinagoga também incluía o cântico de salmos.
Uma característica notável dos Salmos é o seu apelo pessoal, embora primordialmente se pretendesse que eles fossem usados no culto coletivo.
Da mesma forma como os hinários modernos são arranjados para indicar a direção para Deus e para enriquecer e motivar a alma, também era o Saltério. Cada fase da peregrinação espiritual e da resposta do homem a Deus é descrita vividamente: (1) faz-se ação de graças
(Sal. 23; 30-32; 34; 66; 92; 107; 116; 138 e 139; 146); (2) o clamor por proteção, justiça e vingança, da parte daqueles que são oprimidos e injustamente acusados, é ouvido (Sal. 7; 11; 26; 42; 43; 52; 54; 56; 64; 70; 120; 140; 142); (3) os mentalmente perturbados são chamados para encontrar terapia na oração, sono e meditação no santuário (Sal. 3-5; 17; 57; 59; 143); (4) os doentes, cujas aflições são aumentadas por um senso de culpa pessoal e injustiça, são chamados para ouvir outras pessoas que tiveram as mesmas experiências e foram ajudadas por Deus (Sal. 13:22; 28; 31:8-24; 35; 38; 41; 69; 71; 86; 102; 109); (5) aparecem muitas orações pelos doentes (Sal. 6; 39; 62; 83); (6) encontram-se orações de penitentes (Sal. 51; 130); (7) a conclamação a uma confiança inabalável em Deus firma a alma do salmista e oferece estabilidade a outrem (Sal. 16; 91; 131).
II. O Culto em o Novo Testamento
Visto que os primeiros cristãos eram judeus fiéis em seu culto no Templo e na sinagoga, era-lhes natural que usassem formas familiares, ao passarem para o contexto cristão. Salmos, orações, leitura e interpretação das Escrituras continuaram como veículos de culto, mas foram transformados, à luz da mensagem cristã. Sem dúvida, os cristãos abandonaram o sistema sacrificial, porque a morte de Cristo decretou o seu fim.
Não temos um quadro claro de culto cristão primitivo em o Novo Testamento. Aparece apenas uma narrativa da observância da Ceia do Senhor — e da lamentável perversão desta significativa ordenança, como era praticada pela igreja em Corinto. O batismo de convertidos é registrado sem descrição específica do fato de estar ou não relacionado com o culto privado ou coletivo. Não obstante, precisa ser dito que cada ordenança, tão prenhe de conteúdo teológico para o culto, era um ato dramático, de envolvimento para os participantes e testemunhas que cressem. Destas ordenanças, juntamente com a pregação, consistia o cerne do culto cristão primitivo, cada uma delas magnificando Jesus, o Cristo, como Redentor ressuscitado e Senhor vivo.
Sem um relato detalhado do conteúdo, da liturgia e da forma de culto neotestamentário, podemos estar certos de que os ensinamentos de Jesus, interpretados e complementados pelo ensino dos apóstolos, fez a contribuição mais notável, tanto para os conceitos quanto para a prática do culto. O Senhor havia dito: “Deus é espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24). Essa declaração, embora não tenha sido registrada no Evangelho antes do fim do período do Novo Testamento, certamente causou um inesquecível impacto sobre os apóstolos e, através de seus ensinamentos, sobre a igreja primitiva. E isto tornou-se uma realidade ainda mais significativa, para os crentes, através da descida do Espírito Santo. Deus não pode ser localizado. Deus, em Cristo, através do Espírito, está em toda parte. Ele pode ser adorado em qualquer parte. Ele precisa ser adorado em realidade, sem a vaidade da ostentação ou a zombaria da hipocrisia através da infidelidade. Culto é envolvimento com o Pai e com o Senhor vivo, através do Espírito, na maravilha do louvor reverente, da confissão penitente, da autodoação e da esperança inabalável.
Embora lembrando, necessariamente, a imaturidade da comunidade cristã primitiva e o impacto dos conceitos hebraicos, tanto quanto dos pagãos na vida envolvente da igreja, o culto dos crentes, certamente foi marcado por convicção dinâmica, quanto à realidade da ressurreição de Jesus e da emocionante expectativa de sua volta. Quando os fogos da perseguição cresceram, ao aproximar-se o fim do primeiro século, espalhando os cristãos e criando pequenos grupos, unidos pela sua confissão de que “Jesus é Senhor”, o culto deles tomou-se a fonte de consolação e coragem, e a motivação para compartilharem os seus bens uns com os outros, darem o seu testemunho aos pagãos e permanecerem fiéis, mesmo em face da morte. Para pessoas de tal devoção e esperança, as cenas de culto, no livro do Apocalipse, deviam falar com tremenda força e consolo.
1. A Influência do Judaísmo. O movimento cristão começou com o judaísmo, e, nos seus primeiros anos, estava vitalmente ligado a ele. Quando com doze anos, Jesus tomou-se um filho da Lei, juntou-se aos seus maiores, na peregrinação de Páscoa a Jerusalém e ao Templo (Luc. 2:41-47). Mais tarde, no auge de seu ministério, Jesus demonstrou os seus profundos sentimentos pelo Templo, quando expulsou dele os vendilhões (Mar. 11:15-17). O seu costume de culto regular nas sinagogas é revelado em sua experiência em Nazaré (Luc. 4:16,17) e em Cafamaum (João 6:59).
Os crentes primitivos dentre os judeus também revelavam uma dedicação semelhante, tanto ao Templo como à sinagoga. Mesmo depois da crucificação e ressurreição, eles iam todos os dias ao Templo para “ensinar, e anunciar a Jesus, o Cristo” (At. 5:42). Anos depois, a despeito da ameaça contra a sua vida, Paulo se identificou com os requisitos do Templo (At. 21:26). Nesse ínterim, ele não hesitara em cultuar e pregar nas sinagogas da Ãsia Menor (At. 13:13-16).
Sem dúvida, as Escrituras que os cristãos tinham para o seu culto na época neotestamentária eram a Lei e os Profetas judaicos, mais outros livros sacros, inclusive o livro de Salmos. De acordo com os quatro Evangelhos, Jesus fez citações de vários livros do Velho Testamento, especialmente de Deuteronômio, Isaías e Salmos. Em sua última sessão de ensinamento registrada, ele disse, aos seus discípulos: “Importa que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Luc. 24:44).
Mesmo quando aconteceu a separação entre o judaísmo e o cristianismo, de maneira total, os crentes adaptaram, a ordem de cultos da sinagoga, às suas próprias necessidades, e continuaram a examinar as Escrituras.
2. A Influência Gentílica. Quando o cristianismo entrou no mundo gentílico, algumas palavras foram emprestadas de culturas não judaicas, para esclarecer idéias estranhas aos ouvidos gentios. Com a possível exceção de alguns costumes matrimoniais e festas funerais, todavia, não se pode encontrar nenhum elemento positivo de culto cristão que tenha vindo diretamente de fontes não- judaicas.
Alguns eruditos tentaram ligar o cristianismo com os deuses das religiões de mistério, que estavam em ascensão ou declínio, e com repastos sacros, em que a vida dos deuses supostamente era comunicada (por exemplo, os rituais de iniciação na seita de Atis e a refeição comunal do mitraísmo). Quanto à forma, havia semelhanças, mas a essência da refeição cristã pode ser atribuída apenas à última ceia de Jesus, que tinha raízes na refeição de Páscoa de Israel.
Três diferenças básicas marcavam o culto cristão, em comparação com as religiões de mistério: o cristianismo reivindicava exclusividade, enquanto as seitas de mistério eram confessamente sincretistas. E, também, o cristianismo proclamava os seus mistérios dos telhados (Rom. 16:25), mas os cultos étnicos ocultavam cuidadosamente os seus segredos. A pregação era uma atividade básica do culto e missão cristãos. Finalmente, o cristianismo proclamava uma ressurreição que era primordialmente um triunfo sobre o pecado, alcançado por Deus encarnado em uma pessoa propriamente dita, que voluntariamente entregou a sua vida em amor, para libertar o seu povo do pecado e da morte.
3. Dessemelhanças Cristãs. Embora o culto em o Novo Testamento estivesse intimamente relacionado com o do judaísmo, algumas diferenças apareceram, de imediato, e outras se desenvolveram, à medida que o cristianismo se afastou do judaísmo. Franklin Segler (p. 27 e 28) cita algumas dessas diferenças, mencionando Phifer:
(1) As obras de alguns líderes cristãos começaram a suplementar e mais tarde a preceder a Lei e os Profetas.
(2) Além do livro dos Salmos, novos hinos foram supridos por escritores cristãos, para enriquecer o seu culto.
(3) O Batismo e a Ceia do Senhor tornaram-se características distintivas.
(4) Por causa da ressurreição de Cristo e de sua promessa do Espírito, um zelo espontâneo vivificou o culto com um senso da presença de Deus.
(5) Um novo tempo e um novo lugar também tomaram a sua adoração diferente.
A princípio, os cristãos judeus continuaram o seu culto, no Templo e/ou na sinagoga, no sétimo dia; mais tarde, começaram a se reunir no primeiro dia, para comemorar a ressurreição. É claro que os crentes gentios não se sentiam obrigados a guardar o sábado, a não ser que tivessem sido prosélitos judeus. Por fim, o primeiro dia da semana como Dia do Senhor se tomou o dia de culto cristão.
O lugar desse culto no primeiro dia passou de casa em casa (At. 2:46). Quando as sinagogas começaram a negar hospitalidade às testemunhas cristãs, as casas particulares e, ocasionalmente, alguns edifícios públicos tomaram-se o centro de culto. Jesus havia prometido a sua presença quando dois ou três se reunissem em seu nome (Mat. 18:20), e ele havia mostrado, aos seus discípulos, que Deus podia ser cultuado em lugares outros que não fossem o Templo ou as sinagogas. Nem ele nem eles repudiavam edifícios especiais para o culto, visto que ele era uma experiência espiritual, e a comunidade dedicada por si própria é que era mais importante.
Embora as características do culto na sinagoga tenham influenciado o culto cristão primitivo, o Novo Testamento não revela uma ordem específica. Segler relaciona alguns elementos de culto que são mencionados em vários lugares do Novo Testamento: a música tinha um lugar central; as Escrituras eram lidas; a oração era importante; os adoradores diziam “Amém", para expressar a sua aprovação; um sermão ou exposição da Escritura tinha lugar importante; a exortação parecia ser essencial; as ofertas eram costumeiras; confissão aberta de fé ou de pecado era praticada; e tanto o batismo como a Ceia do Senhor eram observados (p. 29-31).

4. Batismo. O batismo cristão originou-se, em parte, do batismo de prosélitos judaicos, a cerimônia de purificação anterior à entrada no santuário, e do batismo praticado por João Batista. Quando um gentio se convertia ao judaísmo, requeria-se que ele se imergisse em água na presença de duas testemunhas. Desse banho, ele saía como “filho renascido”, simbolizando que renunciava ao seu passado pagão e que tinha um novo relacionamento com Deus, como aceito por ele.
O batismo de João diferia do batismo de prosélitos judaicos, porque ele declarava que até os judeus, o povo escolhido de Deus, precisava de purificação. Ele era diferente também em sua forte ênfase escatológica. João estava proclamando uma preparação para uma nova era, em que Deus iria purificar e recriar todo o mundo. O batismo de João, portanto, simbolizava, em cada participante, o que Deus logo realizaria para toda a humanidade, através do Messias. Cada pessoa arrependida que era batizada por João era, por conseguinte, submetida ao juízo de Deus sobre este mundo mau (Luc. 3:16,17). Poderia esta ser a sugestão para o significado do batismo de nosso Senhor? \
Com todos os seus antecedentes cerimoniais tão ricos, o batismo cristão herdava a sua peculiaridade do exemplo e missão de Jesus. O batismo dele fora uma entrega decisiva à sua relação peculiar com Deus e ao seu papel como Servo Sofredor, que iria cumprir a sua missão na cruz e na ressurreição. Ele iria sofrer pessoalmente, pelos homens, o batismo de fogo (Luc. 12:49,50). A sua missão não era de destruição judiciária, mas de sofrimento pessoal, que propicia vida através de sua morte na cruz.
Os cristãos primitivos consideravam a Igreja como a comunidade do Espírito. Para eles, isto fora manifestado pela primeira vez quando Jesus fora ungido como Messias, por ocasião de seu batismo (At. 10:37,38). Portanto, eles associavam o batismo de Jesus nas águas com a vinda do Espírito Santo. Assim, a entrada na comunidade do Espírito era simbolizada pelo batismo, e este tomou- se um requisito para a filiação à Igreja.
A forma do batismo cristão era semelhante à de João, mas estava cheia de um novo significado, que Cristo lhe propiciou. Retratava não apenas a lavagem do pecado através do arrependimento, mas também o recebimento do Espírito Santo, da mesma forma como Jesus o havia recebido (At. 2:38). Para entrar na Igreja, a pessoa precisa ser batizada em nome de Jesus. Esta era uma forma de se proclamar publicamente Jesus como o Messias e confessá-lo como Senhor. Simbolizava também a entrada no corpo salvador do próprio Cristo.
Com toda a discussão referente às cerimônias, em o Novo Testamento, parece estranho que nenhuma passagem, alguma vez, descreva uma controvérsia a respeito do batismo. Ele parece ter sido um costume firmemente estabelecido, a respeito do qual Paulo escreve: “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef. 4:5).
Alguns estudiosos crêem que a pergunta do etíope, a Filipe, era a pergunta litúrgica costumeiramente feita por todo candidato. O administrador do batismo responderia: “É licito, se crês de todo o coração.” E então o candidato fazia esta profissão de fé: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (At. 8:36-39). Outras confissões de fé também estão relacionadas com o batismo, tais como “Jesus é Senhor” (I Cor. 12:3), que é, talvez, a mais antiga. Outras podem aparecer em João 2:22; Romanos 1:3-6; 8:34; 10:9,10;
I Coríntios 15:3 e ss.; I Timóteo 3:16; 6:13,14; II Timóteo 2:8; I Pedro 3:18-22.
A forma mais antiga de batismo era uma só imersão na água (de preferência água corrente), da pessoa que confessasse pessoalmente: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.” Ele marcava o inicio de uma nova vida na nova comunidade messiânica do Senhor ressurreto.
5. A Ceia do Senhor. Sem se contar as narrativas da instituição da Ceia do Senhor encontradas nos Evangelhos (Mat. 26:26-30; Mar. 14:22-26; Luc. 22: 19,20) e referências implícitas no livro de Atos (2:42; 10:41; 20:11), a instrução de Paulo, aos coríntios (I Coríntios 10 a 11), propicia o material que serve de suporte para a observância da Ceia do Senhor, como um aspecto do culto da igreja primitiva.
De maneira bem suscinta, umas poucas observações podem ser sugestivas para a compreensão e apreciação. (1) Foi intenção e ordem de Jesus que a Ceia fosse observada, pelos crentes, como lembrança contínua, que deixasse impressão de seu sacrifício para remissão de pecados, sendo designada esta observância, aparentemente, para tomar-se um ritual que dramatizasse a verdade da redenção da maneira mais significatica possível e para inspirar o desejo mais santo de o participante se envolver com o sofrimento de Cristo através da penitência, ações de graças e dedicação.
(2) A observância da Ceia devia declarar a fé pessoal no sacrifício de Cristo, como meio de redenção, de unidade coletiva no Corpo de Cristo e de expectativa de sua volta. (3) A observância da Ceia leva a um exame próprio espiritual, à luz do significado da morte de Cristo e de seu senhorio sobre a vida. Tal exame próprio, juntamente com o simbolismo dos elementos e do conteúdo teológico da ordenança, deve fazer do culto, através da Ceia, um veículo de bendita renovação, purificação e dedicação.
Parece que a Ceia era celebrada diariamente, ou pelo menos bem frequentemente. Como acontecia com os cultos de adoração regulares, ela era realizada nos lares dos crentes (At. 2:46), sendo cada pessoa responsável por levar sua própria comida ou algo para a mesa comum. Orações, salmos, leitura da Escritura, e, mais tarde, pregação, tiveram lugar no alegre culto.
6. Fontes Extrabíblicas. Dois documentos do segundo século lançam mais luz sobre o culto cristão primitivo. Um é uma carta (c. 113 d.C.) de Plínio, governador da Bitínia, ao Imperador Trajano, baseada em informações recebidas de pessoas que haviam sido cristãs:
Eles insistiam que o total de sua culpa ou erro residia nisto: que estavam acostumados, em um dia especial, a se reunirem antes da alvorada, e a cantar, antifonicamente, um hino a Cristo, como se ele fosse deus, e ajuramentar-se por um voto, não para qualquer propósito errado, mas para não cometerem roubo ou furto nem adultério, nem a não cumprir a palavra dada ou a negar a entrega de um depósito, quando solicitada. Depois disto, era costume deles se separarem, e se reunirem de novo para comerem, porém alimentos comuns e inofensivos.
O segundo documento é conhecido como Primeira Apologia de Justino Mártir, escrita em 150 d.C. e endereçada ao Imperador Adriano e outros. Três longos parágrafos, perto do fim, falam do culto cristão. Era realizado no domingo, e começava imediatamente com a leitura das Escrituras, tanto da Septuaginta quanto dos Evangelhos. Depois vinha o sermão, pelo bispo, que o pronunciava de sua cadeira. Em seguida, a congregação se levantava e, com os braços estendidos, fazia as suas orações comuns. Um diácono propunha um pedido especial de oração. Esse pedido era seguido por um intervalo de intercessão individual, silenciosa. Depois o bispo resumia as orações da congregação na “coleta”. Essas orações eram extemporâneas
e entoadas em um cantochão, algo intermediário entre fala e cântico; terminavam com um alto “amém” da congregação. A palavra que Justino usou significa “gritar aplaudindo”. Significa não apenas “assim seja”, mas também resumia a grande expectativa, da congregação, de que Deus iria responder. A expectativa se baseava no cumprimento que já estava presente em Cristo. Isto pode explicar o que Paulo queria dizer quando escreveu: “Pois, tantas quantas forem as promessas de Deus, nele está o sim; portanto, é por ele o amém, para glória de Deus por nosso intermédio” (II Cor. 1:20).
No fim das orações comuns, dava-se o beijo de paz, que era um costume oriental, comparável ao ato de nos darmos as mãos (Luc. 7:45). Cada cristão então trazia a sua oferta de pão e vinho, que os diáconos colocavam sobre a mesa, para a oração e consagração, que era feita pelo bispo. Esta oração extemporânea terminava com o “amém” congre- gacional. E então os diáconos serviam ao povo. Nenhuma bênção ou qualquer outra espécie de devocional era feito, porque a Ceia do Senhor era, por si mesma, em sua totalidade, o clímax do culto.
III. Implicações da Adoração Contemporânea
1. Senso da Proximidade de Deus.
A alegria de Israel estava arraigada em sua consciência de Deus. Os patriarcas hebreus criam que Deus estava-lhes muito próximo, sendo muito real. Ele não apenas controlava o mundo, mas estava perto como um amigo pode estar. Para eles, culto era aproximação de Deus. Eles podiam fazer isto porque ele já se aproximara deles. Quando Deus visitou o seu povo, o lugar de sua visita foi marcado por um altar.
A estrutura do tabernáculo marcava os degraus da aproximação de Deus. O santo dos santos, onde somente o sumo sacerdote podia entrar, era o lugar mais próximo de Deus. O próprio tabernáculo era uma constante recordação da presença de Deus, que “tabernacula” entre os homens. O próprio Jesus tornou- se o tabernáculo final de Deus; ele “habitou (tabemaculou) entre nós” (João 1: 14). Um culto significativo inclui uma percepção mística da proximidade de Deus.
2. Ofertas. Quando Israel se apresentava diante de Deus, levava ofertas: dízimos, primícias e primogênitos, e sacrifícios. Quando Moisés recebeu a oferta para o tabernáculo, o povo foi tão generoso que ele precisou falar que já chegava (Êx. 36:6). A igreja primitiva também dava grande ênfase à contribuição liberal. Paulo chegou a dizer que o ladrão devia parar de roubar, e trabalhar com as suas mãos, não para que pudesse prover as suas próprias necessidades, mas para que tivesse algo com que ajudar os necessitados (Ef. 4:28).


3. Sacrifícios. Uma forma de acesso a Deus, para Israel, eram os sacrifícios e ofertas pacíficas. Não eram tentativas para comprar o favor divino. Pelo contrário, eram provisões do próprio Deus para a reconciliação. Os que faziam sacrifícios estavam praticando a humildade e obediência que Deus requeria. O sangue derramado sobre o altar era vida, que só Deus pode dar. É sempre Deus que faz a provisão para a expiação. O sangue é símbolo de vida. Representa a personalidade, o tempo e a propriedade que estão sendo entregues a Deus.
Tendo em seus antecedentes os sacrifícios e o sacerdócio levíticos, o novo Israel chegou a reconhecer em Cristo não apenas a presença taberculadora de Deus, mas o grande Sumo Sacerdote desse povo, que também é o sacrifício último e final pelo pecado, tornando obsoletos todos os altares ensangüentados. Ele foi oferecido pelo pecado uma vez por todas (Heb. 9:28).
4. Purificação e Consagração. O Dia da Expiação era o mais solene de todos os dias, quando, anualmente, se fazia purificação pelo templo, pelos sacerdotes e por todo o povo (Lev. 16). O culto de Israel dava grande ênfase à purificação e à lavagem das vestes (Êx. 19:10-13), e na consagração. Esta atitude tornou-se parte essencial do culto da igreja primitiva (Rom. 12) e devia marcar para sempre o culto do crente. A exigência de Deus para a reconciliação inclui purificação e renovação.
5. Interesse Social. O culto em Israel tomou a nação cônscia de sua relação não apenas com Deus, mas também com tudo o que Deus criou, especialmente os necessitados, os oprimidos, os órfãos, os enfermos e os que não podiam cuidar de si mesmos. Muitas foram as promessas de Deus para os que cuidam dos pobres, é muitas foram as suas advertências contra os que oprimem os pobres.
6. Inspiração e Esperança. O cântico, a pregação, o ensino, a oração e a comunhão da igreja têm a intenção de dar inspiração ao que presta culto, para que ele possa carregar o seu fardo e a sua aflição com as forças de Deus. O culto deve reacender a esperança e a confiança no triunfo final de Deus e de sua bondade. A comunhão do culto nos faz lembrar que não estamos sozinhos. Somos todos membros do corpo de Cristo, em cujo amor nascemos, em cuja força levamos os nossos fardos e em cuja graça encontramos perdão e vida eterna.
7. Êxtase no Culto. Êxtase faz parte do culto cristão. A Igreja experimentou êxtase, quando o vento, fogo e línguas manifestaram a evidência da presença do Espírito Santo. Esse sentimento exaltado seguiu-se a muita oração e forte convicção. A oração de Pedro causou uma visão em êxtase. A visão de Estêvão também teve elementos de êxtase (At. 7:55). A conversão de Paulo incluiu êxtase (At. 9:22). Quando ele foi levado até o terceiro céu, ouviu coisas inefáveis, e não sabia se estava no corpo ou fora dele (II Cor. 12:2-4). João estava “no Espírito no dia do Senhor” (Apoc. 1:10); nesse estado de êxtase ele ouviu uma voz e teve uma visão.
O Novo Testamento descreve estas experiências e dá um grande valor a viver no Espírito como padrão normal da experiência cristã.
8. Participação Vital. Os padrões bíblicos nos mostram que o culto inclui participação vital. Muitas pessoas com mais de trinta anos de idade saem de uma reunião de culto, perguntando: “O que ele disse?” Elas estão acostumadas com formas verbais de percepção. Mas as que têm menos de trinta anos estão perguntando: “O que aconteceu?” Elas estão acostumadas à percepção que vem da participação. Querem um culto que seja um “acontecimento”. O culto primitivo tinha esta qualidade. Quantas vezes o nosso culto é reduzido a uma descrição de segunda mão, da realidade, em vez de um acontecimento em que verdadeiramente se encontra Deus. A Igreja precisa novamente aproveitar-se da infinita variedade de formas e de substância que está à sua disposição, para vivificar o culto e nos dar novamente uma excitação sagrada.
9. Dever e Privilégio. Uma admoestação significativamente importante, relacionada com o culto, encontra-se em Hebreus 10:25. O seu contexto devia ser amplamente aplicável à experiência dos cristãos da época neotestamentária e deve sê-lo igualmente a esta época em que vivemos. A reunião para culto coletivo é um dever que não deve ser tratado levianamente. As urgentes necessidades espirituais dos crentes, satisfeitas de maneira tão rica e abundante, através de um culto significativo, incluem uma obrigação, da parte deles, de buscarem o enriquecimento do coração e da mente, e a renovação de propósito e da esperança, que provém do culto. A comunhão com Deus, através da reação à sua graça e verdade e através da instrução e da obra santificadora do Espírito, purifica e consagra a vida de seu povo. Além disso, esse culto equipa o povo de Deus com visão e compaixão, para tornar-se os servos de Deus no mundo. Aquilo com que o culto contribui para o crente, faz dele um dever sagrado demais para ser negligenciado.

Por digno que seja um senso de dever, o senso de privilégio é o impulso que deve caracterizar a reação do crente. Mais uma vez, a passagem de Hebreus (10:19- 26) é eloquente, com apelo persuasivo. O povo remido, de Deus, tem um caminho vivo de acesso direto a Deus — o Santo, oTodo Poderoso, o Deus de glória e graça — através do Mediador vivo, que tomou possível este acesso, para todas as pessoas, mediante o derramamento de seu sangue. Nesta base, todos são convidados a se aproximarem de Deus com plena certeza de fé, ou seja, plena confiança de serem aceitos na própria presença e vida do próprio Deus. O culto cristão é o privilégio de se tributar louvor ao Deus eterno, inclinando-se em devoção diante do Senhor do céu e da terra, declarando amor e gratidão ao Salvador, e recebendo o perdão, a alegria e a força da vida no Espírito.

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