O PODER
TRANSFORMADOR DE CRISTO Mateus 13:33
"E contou-lhes ainda outra parábola: "O Reino dos céus é como o fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada".
Neste capítulo não há nada mais
significativo que as fontes de onde Jesus extraía suas parábolas. Em
cada ocasião extraiu-as das cenas e atividades da vida cotidiana. Começava com
coisas muito conhecidas de seus ouvintes, para conduzi-los a outras que jamais
tinham passado por suas mentes. Do campo do lavrador toma a parábola do
semeador; e do jardim a parábola da árvore de mostarda. O eterno problema da
luta do lavrador contra os cardos lhe inspira a parábola do trigo e o joio. E à
margem do mar da Galiléia pronuncia a parábola da rede. Toma a parábola do
tesouro escondido da tarefa cotidiana de cavar no campo, e a parábola da pérola
de grande preço do mundo do comércio e os negócios. Mas nesta parábola da levedura
Jesus se aproxima mais de seus interlocutores que em qualquer outra, porque a
extrai da cozinha de qualquer lar.
Na Palestina, o pão era assado nas casas. Três medidas é, como assinala Levinson, justo a quantidade normal que se necessitaria para fazer pão para uma família um tanto numerosa, tal como a família do Nazaré. Jesus tomou sua parábola do Reino de algo que tinha visto sua mãe, Maria fazer com freqüência. A levedura era uma pequena parte de massa que se guardou da última fornada; ao guardá-la tinha fermentado, e a levedura não era mais que uma parte de massa em fermentação. É certo que na linguagem e o pensamento judeu quase sempre se relaciona a levedura com uma má influência. Os judeus relacionavam a fermentação com a putrefação e a podridão, e a levedura representava o mal (ver Mateus 16:6; 1 Coríntios 5:6-8; Gálatas 5:9). Uma das cerimônias de preparação para a Festa da Páscoa consistia em procurar cada parte de levedura que pudesse haver na casa para queimá-la e destruí-la. Pode ser que Jesus tenha escolhido esta ilustração do Reino de maneira deliberada. Sem dúvida se experimentaria certa surpresa ao ouvir que o Reino de Deus é comparado com a levedura e a surpresa despertaria interesse e exigiria atenção, coisa que sempre acontece com um exemplo tirado de uma fonte insólita e inesperada.
Todo o sentido da parábola gira em torno de um elemento – o poder transformador da levedura. A levedura mudava as características da fornada. O pão sem levedura, o pão que se cozinhou sem havê-lo feito levedar antes, é como um biscoitinho de água: duro, seco, sem gosto. O pão que se assou com levedura é suave, poroso e esponjoso, tem bom sabor e é agradável de comer. A introdução da levedura produz uma transformação na massa; e a chegada do Reino produz uma transformação na vida. Em nosso estudo do Novo Testamento vimos frequentemente esta transformação tanto em detalhe como de passagem.
À maneira de repetir o que já
dissemos, reunamos as características desta transformação.
(1) O cristianismo transforma a vida do indivíduo. Em 1 Coríntios
6:9-10, Paulo reúne uma lista do
tipo mais terrível, desagradável e odioso de pecadores e no versículo seguinte
faz uma afirmação aterradora: "Tais fostes alguns de vós." Como dizia
Denney, nunca devemos esquecer que a função e o poder de Cristo é converter os homens
maus em bons. A transformação do cristianismo começa na vida individual, porque
por meio de Cristo, a vítima da tentação pode vencê-la.
(2) Há quatro grandes aspectos sociais
nos quais o cristianismo transformou a vida. O cristianismo transformou a vida
para as mulheres.
Em sua oração pela manhã o judeu
agradecia a Deus por não tê-lo feito nascer gentios, escravos ou mulheres. Na
civilização grega, a mulher levava uma vida de reclusão total, na qual não
tinha nada a fazer além das tarefas da casa. Referindo-se ao menino ou jovem
grego, J. K. Freeman escreve sobre Atenas, até em sua época melhor;
"Quando o moço voltava para sua casa, não havia nenhum tipo de vida de lar”.
Seu pai quase nunca estava em casa. Sua mãe era um ser sem importância que
vivia nos quartos das mulheres. É muito provável que a visse muito pouco."
Nas terras orientais com frequência era possível encontrar uma família que estava
viajando. O pai montado sobre um burro, a mãe andando a seu lado, frequentemente
com uma pesada carga sobre os ombros. Uma verdade histórica demonstrável é que
o cristianismo transformou a vida da mulher.
(3) O cristianismo transformou a
vida dos fracos e doentes. Na vida pagã, os fracos e os doentes
eram considerados como algo incômodo.
Em Esparta, quando nascia um
menino ele era examinado, se era sadio tinha permissão de viver, se era fraco
ou tinha algum defeito era deixado para morrer na ladeira de uma montanha. O
Dr. A. Rendle Short assinala que o primeiro asilo para cegos foi fundado por
Talasio, um monge cristão. O primeiro dispensário gratuito foi fundado por
Apolônio, um comerciante cristão. O primeiro hospital do que se têm notícias
foi fundado por Fabíola, uma dama cristã. O cristianismo foi a primeira religião
que se interessou pelas coisas defeituosas que há na vida.
(4) O cristianismo transformou a
vida dos anciãos. Assim como os fracos, os anciãos eram um estorvo. Catão,
o autor romano que escrevia sobre agricultura, dá conselhos a qualquer um que
pense ocupar-se de uma granja: "Revisem seus pertences e celebrem uma venda”.
Vendam seu azeite, se o preço for conveniente, e vendam o vinho e o grão que sobrarem.
Vendam os bois cansados, a fazenda com defeitos, as ovelhas que não são
perfeitas, a lã, as peles defeituosas, um carro velho, as ferramentas velhas, um
escravo velho, um escravo doente, e qualquer outra coisa que seja
supérflua. " Os anciãos, cujos dias de trabalho tinham terminado, só
serviam para ser descartados como trastes velhos. O cristianismo foi a primeira
religião que tomou os homens como pessoas e não como instrumentos com uma
determinada capacidade de trabalho.
(5) O cristianismo transformou a
vida para o menino. No contexto imediato do cristianismo, a relação
matrimonial tinha degenerado e o lar estava em perigo. O divórcio era algo tão
comum que não era estranho nem imperdoável que uma mulher tivesse a cada ano um
marido novo.
Em semelhantes circunstâncias os
meninos eram um desastre, e o costume de limitar-se a deixar morrer os meninos
era tragicamente comum. Existe uma carta muito famosa que um tal Hilário, que
tinha viajado a Alexandria, enviou a sua mulher, Alis, que tinha ficado em casa.
Escreve-lhe: "Se, com sorte, tens um filho, se for varão deixa-o viver, se
for uma mulher, atira-a." Na civilização moderna, a vida se constrói quase
ao redor do menino. Na antiguidade, o menino tinha muitas probabilidades de
morrer antes de começar sua existência. Qualquer pessoa que formula a pergunta:
"O que tem feito o cristianismo pelo mundo?" irá perder em um debate
com um cristão. Não há na história nada que se possa demonstrar em forma tão
indiscutível como o poder transformador do cristianismo e de Cristo na vida individual
e na da sociedade.
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