(1) Negamo-lo mediante nossas palavras.
Diz-se de J. P. Mahaffy, o famoso erudito e homem de mundo irlandês, do Trinity
College, de
Dublin, que quando alguém lhe
perguntou se era cristão, respondeu:
“Sim, mas não em forma ofensiva.”
O que quis dizer é que embora se considerasse cristão, não estava disposto a
permitir que sua religião interferisse com as amizades e a classe de vida que o
tornaram famoso.
Às vezes nós também dizemos a
quem pergunta que sim, somos membros da Igreja, mas isso em realidade não é
importante, que não temos a intenção de ser diferentes dos outros; que estamos
dispostos a participar da medida que nos corresponde nos prazeres do mundo; e
que não esperamos que nossos amigos respeitem os vagos princípios espirituais e
religiosos que possamos ter. O verdadeiro cristão não pode escapar jamais ao
dever de ser diferente com relação ao mundo. Não é nossa obrigação nos adaptar
ao mundo; nosso dever é ser transformados e feitos diferentes com respeito ao
mundo.
(2) Podemos negar a Cristo
mediante nosso silêncio.
Um novelista francês muito famoso relata a história
de como uma jovem entra, mediante o casamento, em uma família muito antiga e
tradicionalista. A família não estava de acordo com o casamento, embora eram
muito bem educados para formular suas objeções e críticas de maneira direta.
Mas a jovem esposa confessa, depois de muitos anos, que toda sua vida tinha sido
uma tortura, "pela ameaça das coisas que jamais se diziam". Na vida cristã,
pode existir a ameaça de coisas que jamais se dizem. Uma e outra vez a vida nos
dará a oportunidade de dizer algumas palavras em favor de Cristo, de pronunciar
nosso protesto contra o mal de adotar alguma posição, de demonstrar de que lado
estamos. Vez após vez em tais ocasiões é muito mais fácil guardar silêncio que
falar. Mas esse silêncio é em si uma negação de Jesus Cristo. É muito provável
que bem mais pessoas neguem a Jesus Cristo com seu silêncio covarde, que expressando-se
deliberadamente contra Ele.
(3) Podemos negar a Cristo
mediante nossas ações.
Podemos viver de tal modo que nossas ações sejam
uma contínua negação da fé que professamos com nossas palavras. Aquele que se
consagrou a um evangelho de pureza, pode
ser culpado de inumeráveis faltas aparentemente pequenas, de brechas em uma
conduta que deveria ser estritamente honrada. Aquele que aceitou seguir a um
Senhor que o convida a tomar sua cruz, pode, entretanto, viver uma vida
dominada pela atenção ao seu próprio luxo e satisfação. Aquele que entrou ao serviço
de um Mestre que viveu perdoando e recomendou a seus discípulos perdoar até a
seus inimigos, e amá-los deste modo, pode, entretanto, viver uma vida cheia de
amargos ressentimentos e de hostilidade contra seus próximos. Aquele que se
comprometeu a viver tendo como meta a um Cristo que amou, até morrer por esse
amor, a todos os homens, pode, entretanto, viver uma vida na qual o serviço, a caridade
e a generosidade cristãs estejam claramente ausentes.
Para a conferência de Lambeth (onde
se reúnem periodicamente todos os dirigentes da Igreja Anglicana) de 1948 se
escreveu uma oração especial que dizia:
Deus Todo-poderoso, dá-nos tua graça
para que não sejamos apenas ouvintes mas também praticantes de tua Santa
Palavra, para que não apenas admiremos mas também obedeçamos tua doutrina, para
que não apenas professemos mas também pratiquemos tua religião, e para que não apenas
amemos mas também mas também vivamos o teu evangelho. Concede-nos, pois,
que recebamos em nossos corações tudo
o que possamos aprender de tua
glória e o ponhamos de manifesto em nossas
ações. Por Jesus Cristo, nosso
Senhor. Amém.
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