A IMPOSSIBILIDADE DE SER NEUTRO Mateus 12:30
A figura de ajuntar e espalhar que Jesus emprega nesta frase pode
provir de dois panos de fundo. Pode referir-se à colheita, que não
participa da coleta do grão, o espalha e deixa que o leve o vento. Pode
fazer referência aos pastores; quem não ajuda a proteger o rebanho, o
expõe ao perigo; quem não o reúne o conduz às montanhas perigosas e
inóspitas.
Nesta frase penetrante Jesus estabelece a impossibilidade de alguém
permanecer neutro. W. C. Allen escreve: "Nesta luta contra as fortalezas
de Satanás só há dois lados, com Jesus ou contra ele, recolher com Jesus
ou esparramar com Satanás." Podemos tomar uma analogia muito
simples. Podemos tomar esta frase e aplicar a nós mesmos e à Igreja. Se
nossa presença não fortalecer a Igreja, nossa ausência a debilita. Não
há um ponto intermediário. Se um país estiver em guerra, a nação que
permanece neutra está ajudando o inimigo ao negar a ajuda que poderia
ter brindado. Em todas as coisas deste mundo o homem deve escolher
um lado. Abster-se de decidir a ação suspensa, não é uma saída porque a
mera negação de ajuda a um lado significa ajuda ao outro.
Há três coisas que impulsionam um homem a procurar esta
neutralidade impossível.
(1) A inércia da natureza humana. Há muitos a respeito de quem se
pode dizer que seu único desejo é não se incomodarem. Afastam-se
automaticamente de tudo o que os perturba, e até escolher os incomoda.
(2) A covardia natural da natureza humana. Mais de uma pessoa
rejeita o caminho de Cristo porque no fundo de seu coração teme
assumir a posição que o cristianismo exige. O que está na base de sua
rejeição é a consideração do que pensará e dirá o resto das pessoas. Em
seus ouvidos, a voz de seus vizinhos é mais forte que a voz de Deus.
(3) A mera debilidade da natureza humana. A maior parte das
pessoas prefere a segurança à aventura, e quanto mais crescem em idade
mais se aferram à segurança. Um desafio sempre implica uma aventura.
Cristo se aproxima de nós com um desafio, e com muita freqüência
preferimos o conforto da inação egoísta à aventura da ação para Cristo.
Esta frase de Cristo – "Quem não é comigo, é contra mim" –
apresenta-nos um problema, pois tanto Lucas como Marcos têm uma
declaração que é o oposto desta: "Quem não é contra nós, é por nós"
(Marcos 9:40; Lucas 9:50). Mas estas duas frases não são tão
contraditórias como parecem. Devemos assinalar que Jesus pronunciou a
segunda frase quando seus discípulos se aproximaram para lhe dizer que
tinham buscado deter um homem que expulsava demônios em nome de
Cristo, e tinham tentado impedir-lo, porque não era um de seus
discípulos. De maneira que se tem feito uma sugestão muito sábia.
"Quem não é comigo, é contra mim" é uma prova que devemos nos
aplicar a nós mesmos. Estou em realidade do lado do Senhor, ou trato de
passar pela vida em um estado de covarde neutralidade? "Quem não é
contra nós, é por nós", é uma prova que devemos aplicar a outros. Sou
intolerante? Inclino-me a condenar a qualquer um que não fala com
minha teologia, que não adora segundo minha liturgia e que não
compartilha minhas idéias? Limito o Reino de Deus àqueles que pensam
como eu? A afirmação desta passagem é um desafio e uma prova que
devemos nos aplicar a nós mesmos; a declaração de Marcos e Lucas é
uma afirmação que devemos aplicar a outros. Porque sempre devemos
nos julgar a nós mesmos de maneira estrita e a outros com tolerância.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
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