segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Tema:

“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;”

A BEM-AVENTURANÇA DA VIDA GOVERNADA POR DEUS
Mateus 5:5

“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;”

Em nosso idioma português moderno a palavra, "manso" não é precisamente uma das que usaríamos como qualificativo elogioso a respeito de ninguém, implica um matiz de servilismo com o que ninguém se sentiria honrado, e uma certa passividade e não agressividade que de muito pouco servem em nosso mundo moderno.
Pinta-nos a imagem de uma criatura submissa e muito pouco executiva. Mas em grego a palavra praus (equivalente a "manso") era um dos termos mais elevados do vocabulário ético.
Aristóteles fala extensamente sobre a virtude da mansidão
(praotés). Uma das características metodológicas de Aristóteles, em sua ética, era definir cada virtude como o meio termo entre dois extremos.
Por um lado estava o extremo por defeito e pelo outro o extremo por excesso. Em metade de caminho entre ambos se localizava a virtude, justamente o meio. Para dar um exemplo, em um extremo está o esbanjador, no outro o avarento, no meio está o homem generoso.

Aristóteles define a mansidão como o justo meio entre a ira excessiva e a falta absoluta de ira, ou passividade. A mansidão é o meio termo entre o excesso de ira e a muito pouca ira. Portanto, a primeira tradução possível desta bem-aventurança é:

Bem-aventurado o homem que sabe zangar-se na hora certa, e que nunca se zanga quando não é o caso.

Se nos perguntarmos qual o momento exato de zangar-se e quando não é, podemos estabelecer como regra geral que nunca é hora de zangar-se pelos insultos ou as ofensas que nós mesmos recebamos; os cristãos nunca devem resistir aos que querem ofendê-los; mas é o momento certo de zangar-se quando se ofende a outros. A ira egoísta sempre é um pecado, a ira altruísta pode ser uma das grandes molas morais da dinâmica moral de nosso mundo.

Mas a palavra praus tinha outro significado corrente em grego. Era o termo que se usava, como em português, para designar o animal domesticado, que tinha sido educado para que obedecesse a voz de seu dono, que respondeu às indicações das rédeas. É a palavra que corresponde ao animal que aprendeu a aceitar o controle do homem. Portanto a segunda tradução possível desta bem-aventurança é:

Bem-aventurado o homem cujos instintos, paixões e impulsos  estão sob controle; bem-aventurado o homem que aprendeu a dominar-se.

Mas logo que terminamos que dizer estar palavras, damo-nos conta que não são exatamente o que Jesus teria dito. Não se trata da bem-aventurança do homem que sabe controlar-se a si mesmo, porque tanto autodomínio é um ideal moral que está além das possibilidades do comum dos mortais, a não ser a bem-aventurança do homem dirigido por Deus, porque somente no serviço de Deus encontramos a perfeita liberdade, e no cumprimento de sua vontade nos apropriamos de nossa paz.
Mas ainda há uma terceira via de acesso a esta bem-aventurança. Os gregos sempre contrastavam a mansidão com o orgulho. A mansidão é uma autêntica humildade que descarta por completo o orgulho.
Sem humildade não pode aprender-se nada, porque o primeiro passo para a aprendizagem é a humildade em reconhecer nossa ignorância.

 Quintiliano, o grande mestre de oratória romano, disse a respeito de alguns eruditos, que "sem lugar a dúvida seriam excelentes meus alunos, se não estivessem tão convencidos de tudo o que sabem."

Ninguém pode ensinar ao que pensa que sabe tudo. Sem humildade não pode haver amor, porque o princípio do verdadeiro amor é o sentimento de indignidade.

Sem humildade não pode haver verdadeira religião, porque toda religião começa com a consciência de nossa debilidade e necessidade de Deus. O homem só alcança a estatura perfeita de sua humanidade amadurecida quando aprende que é uma criatura e que Deus é seu
Criador, e que sem Deus não há nada que ele possa fazer.

"Mansidão" descreve a humildade, a aceitação da necessidade de aprender e da necessidade de ser perdoado. Descreve a única atitude possível do homem para com Deus. Portanto, uma terceira possível tradução desta bem-aventurança, seria:

Bem-aventurado o homem que possui a suficiente humildade para dar-se conta de sua ignorância, sua debilidade e sua necessidade de ajuda.




Esta humildade, ou mansidão, diz Jesus, herdará a Terra. É um fato demonstrado pela história que os que podem exercer o controle de si mesmos, os que aprenderam a disciplinar seus instintos, paixões e impulsos, são aqueles que possuíam verdadeira grandeza.

O livro de Números diz; a respeito do Moisés, maior o líder e legislador que a história já viu: "e aquele varão Moisés era muito manso, mais que todos os homens que havia sobre a terra" (Números 12:3). Moisés não possuía um caráter submisso, não era servil, podia chegar a manifestar de maneira tremenda sua ira, mas exercia controle sobre esta paixão, e a manifestava só quando era o momento apropriado. O autor de Provérbios diz: "Melhor é o que demora para irar-se que o forte; e o que se domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade" (Prov. 16:32).

Foi a ausência desta qualidade o que constituiu a ruína do
Alexandre o Grande, quando, por exemplo, em um ataque de ira, em meio de uma bebedeira, arrojou uma lança e matou a seu melhor amigo.
Ninguém pode governar a outros até não ter aprendido a governar-se a si mesmo; ninguém pode servir a outros até que não aprendeu a controlar-se e sujeitar-se a si mesmo; ninguém pode controlar a outros até que não sabe controlar-se a si mesmo. Mas o homem que se entrega plenamente ao controle de Deus obterá a mansidão que vai capacitá-lo a herdar a Terra.

É evidente que a palavra grega praus, significa muito mais do que significa a palavra portuguesa, "manso". Não há uma palavra em nosso idioma que possa traduzi-la sem perda de significado. A tradução completa da terceira bem-aventurança diria, então:

Quão feliz é o homem que sabe quando expressar a ira e que nunca se zanga fora de tempo, que aprendeu a controlar seus instintos, impulsos e paixões, porque pôs sua vida sob o governo de Deus, e que tem a suficiente humildade para reconhecer sua própria ignorância e debilidade, porque o homem que possui tais virtudes é rei entre os homens!

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