A BEM-AVENTURANÇA
DE UNIR OS HOMENS
Mateus 5:9
Devemos começar nosso estudo
desta bem-aventurança
investigando alguns dos problemas
com que nos confronta.
(1) Em primeiro lugar está a
palavra paz. Em hebraico a paz nunca é um estado negativo; nunca significa
somente a ausência de conflitos; em hebraico "paz" significa tudo
aquilo que contribui ao bem-estar supremo do homem.
No Oriente, quando duas pessoas
se encontram, saúdam-se desejando-se mutuamente "paz" – shalom –
e isto não significa que se deseje para o outro simplesmente a liberação de
todo mal, mas sim a presença em sua vida de todas as coisas boas e desejáveis.
Na Bíblia "paz" não envolve só a ausência de conflitos, mas sim a
alegria de todo o bem.
(2) Em segundo lugar deve
notar-se cuidadosamente o que diz em realidade esta bem-aventurança. A bênção
recai sobre os que fazem a paz, e não simplesmente sobre os que amam a
paz.
Ocorre muito frequentemente que
se alguém ama a paz mas não sabe como "produzi-la", a única coisa que
conseguirá é aumentar os conflitos e criar mais problemas dos que existem.
Podemos, por exemplo, permitir que se desenvolva uma situação potencialmente ameaçadora
ou perigosa, alegando que por não alterar a paz preferimos não fazer nada. Há
muitas pessoas que se acreditam amantes da paz, mas em realidade a única coisa
que fazem é acumular situações conflitantes que explorarão no futuro, ao
negar-se a enfrentar a realidade com a ação decisiva que esta requer. A paz que
na Bíblia qualifica de "bem-aventurada" não provém da evasão dos
problemas; é consequência da atitude decidida de quem os enfrenta, luta e
vence.
O que exige esta bem-aventurança
não é a aceitação passiva de qualquer situação porque temamos fazer algo que
provoque reações ou conflitos, ao que ela nos convida é a enfrentar o mal, a
fazer a paz, embora isso signifique lutar.
(3) A expressão filhos de Deus
é uma forma tipicamente hebraica de designar os "pacificadores".
O idioma hebreu não possui muitos adjetivos, e muito frequentemente quando quer
descrever as qualidades de algo se usa a expressão "filho de...",
completada com o correspondente essencial abstrato. Assim, por exemplo, o homem
pacífico se denominará filho da paz. Barnabé era apelidado filho
da consolação em lugar de consolador. Essa bem-aventurança diz
que os pacificadores são benditos porque serão chamados filhos de Deus, o que significa
que são benditos porque fazem algo que é tipicamente o que Deus faz. O homem
que faz a paz realiza a obra na qual está comprometido o Deus de paz (Rom.
15:33; 2 Cor. 13:11; 1 Tess. 5:23; Heb. 13:20).
Tem-se buscado o significado
desta bem-aventurança segundo três possíveis linhas de interpretação.
(1) Alguns sugeriram que, sendo
"paz" tudo aquilo que contribui ao bem-estar humano,
"pacificador" é o homem que busca, de todas as maneiras possíveis,
fazer com que o mundo seja um lugar onde todos os homens possam ser felizes.
Abraão Lincoln disse em certa
oportunidade: "Quando eu morrer gostaria que os homens dissessem de mim
que ali onde vi uma erva má, arranquei-a, e plantei em seu lugar uma flor, se
crer que uma flor poderia crescer nesse lugar."
Esta, em tal caso, seria a bem-aventurança de
todos os que têm feito algo, por pequeno que seja, a favor da condição humana.
(2) A maioria dos primeiros
eruditos da Igreja, interpretavam esta bem-aventurança em um sentido puramente
espiritual, e sustentavam que seu significado era: Bem-aventurado o homem
que faz a paz em seu próprio coração e em sua alma.
Em todos nós há um conflito
interior entre o bem e o mal; sempre nos sentimos arrastados em duas direções
opostas; cada ser humano é, pelo menos em certa medida, uma guerra civil
ambulante.
Verdadeiramente feliz é o homem
que conquistou a paz interior, no qual terminou a luta interior e entregou todo
o seu coração a Deus.
(3) Mas há outro significado da
palavra paz, ao qual os rabinos judeus davam ênfase e que, quase com certeza, é
o que Jesus tinha em mente ao pronunciar a bem-aventurança, Os rabinos do
judaísmo sustentavam que a tarefa mais elevada que qualquer homem podia realizar
era o estabelecimento de relações justas entre seus semelhantes.
Isto é o que Jesus quis dizer. Há
pessoas que sempre são o centro de conflitos, tormentas e lutas. Em qualquer
lugar que apareçam, serão vistos implicados em disputas, ou sendo a causa de
lutas com outros. São briguentos. Há pessoas, deste tipo quase em toda
sociedade e em toda igreja, e pode afirmar-se sem vacilação que servem ao
diabo. Por outro lado, graças a Deus, há pessoas em cuja presença a inimizade
não pode prosperar, que salvam os abismos, fecham as brechas e adoçam a amargura.
Estes fazem a vontade de Deus, pois o plano divino consiste em estabelecer a
paz entre o homem e Deus e entre o homem e seu semelhante. O homem que divide
os homens é um agente do diabo; o homem que os une está fazendo a obra de Deus.
De modo que esta bem-aventurança
poderia ler-se:
Quão feliz é aquele que cria relações justas
e sadias entre os homens, porque sua ação é obra de Deus!
Muito bom!
ResponderExcluirDeus abençoe por compartilhar palavras tão edificantes.