quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Tema:

Credos,confissões, catecismos, hinos e salmos primitivos fazem parte da composição da Epístola aos Romanos. Você sabia?




Forma Literária da Epístola aos Ramanos




Vários fatores, de natureza literária, são importantes para interpretação. O texto da IBB é uma tradução dos textos gregos padrão, mas compará-lo com The Greek New Testament (editado pelas Sociedades Bíblicas Unidas) tem sido o método seguido, ao estudarmos a Epístola aos Romanos, e este deve ser consultado pelo leitor crítico, que desejar se aprofundar na matéria. A maior parte dos problemas textuais de conseqüência especial está no começo e no fim da epístola. Tanto Orígenes como Ambrosiaster conheciam manuscritos que não mencionavam “em Roma” em 1:7. O Codex Greco-Latino G omitiu a referência a Roma tanto em 1:7 como em 1:15, e esses fatos freqüentemente são importantes em discussão acerca de uma possível circulação desta epístola, feita até pelo próprio Paulo, pelo menos em Êfeso. No fim da exposição, serão feitas referências a três prováveis localizações da doxologia que está no fim do texto da IBB, e ao freqüente uso de bênçãos (15:5,6, 13, 33; 16:20).

Esta carta era usualmente chamada de epístola até a descoberta e publicação dos antigos papiros do Egito. O mais antigo manuscrito de Romanos é P46, datado de cerca de 200 d.C., agora na Universidade de Michigan, Ann Arbor, nos Estados Unidos; mas há muitos outros valores nessa descoberta. Agora con- corda-se, nada menos do que universalmente, que as cartas de Paulo, inclusive a longa Epístola aos Romanos, seguiram o padrão de outras cartas do primeiro século. Havia sempre uma saudação seguida de oração, ação de graças e o conteúdo especial, com saudações especiais e saudações pessoais no final (cf. 1:1,7,8,16; 15:33; 16:1-23). Um secretário especial, chamado Tércio, foi colocado à disposição de Paulo, mas provavelmente ele contribuiu com nada mais do que as saudações feitas por si mesmo e por seu irmão, no fim da nota especial para Febe (16:22,23). Alguns secretários, na verdade, compuseram as cartas, a partir de diretrizes gerais estabelecidas pelo remetente, mas dificilmente alguém ousaria dizer que a teologia de Romanos é de Tércio!

Demétrio também cita declaração feita por Artemom, editor das cartas de Aristóteles, que disse que as cartas deviam ser escritas à moda de diálogo, de forma que ambos os lados pudessem ser entendidos (On Style, 233). Os diálogos de Platão são o modelo clássico, como os Evangelhos do Novo Testamento são os melhores exemplos bíblicos de diálogo. No entanto, as cartas de Paulo não são diálogos. São cartas que muitas vezes requerem uma difícil reconstrução do outro lado da conversa. A coisa mais próxima a um diálogo, em Romanos, é o uso repetido do método da diatribe estóica, que foi observada freqüentemente no valioso comentário de Barrett. Ele diz: “Muitas vezes torna-se mais fácil, seguir os argumentos de Paulo, se o leitor imaginar o apóstolo face a face com um inquiridor, que emite inteijeições e faz perguntas e recebe respostas que algumas vezes são arrazadoras e bruscas. De forma alguma é impossível que alguns dos argumentos de Romanos tenham tomado forma desta maneira, no curso de debates nas sinagogas ou nas praças públicas.” Indícios do estilo de diatribe podem certamente ser detectados em Romanos (cf. 2:1,17,21; 6:1,11, 15; 7:1,7; 8:31-35; 9:19-24; 10:14-21; 11:1,7,11,15).

O uso de um grande credo paulino é central em Romanos. Muitos cristãos que são contra credos preferem falar de confissões, mas esta expressão não é exata. Confissão é a aceitação de um credo (cf. 10:9, onde Paulo cita o credo básico do cristianismo: “Senhor Jesus”). O credo é aquilo que é confessado. O Kurios Iêsous (Senhor Jesus) é plenamente aceito por Paulo, da mesma forma como por todos os escritores do Novo Testamento (cf. I Cor. 12:3; Fil. 2:11), mas há um credo, bem distinto em Romanos, que aparece na mais antiga carta de Paulo e continua em cartas posteriores. Declarado simplesmente, ele é: “Jesus morreu e ressurgiu” (I Tess. 4:14). Declarado mais explicitamente, é: “Cristo morreu por nossos pecados... foi sepultado... foi ressuscitado ao terceiro dia” (I Cor. 15:3,4). Ele aparece pela primeira vez em Romanos 4:25 (“o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação”), mas não está longe da superfície em muitos lugares (cf. 5:10; 6:5-10; 8:34; 10:9,10; 14:8,9).

Pelo menos três das grandes passagens que apresentam esse credo têm a característica de hinos, e o reconhecimento dessas e de outras passagens como hinos lança uma nova luz sobre o papel das melodias como meios de comunicação na adoração da igreja primitiva. A aceitação deste método, na igreja moderna, transformará as reuniões prosaicas das chamadas igrejas não-litúrgicas, que muitas vezes reduzem a oração e o louvor a “preliminares”. Ê muito mais do que uma preocupação e fascinação com o método da história da forma, que deu a isto um lugar de proeminência no comentário que segue, e o leitor cético é instado veementemente a considerar seriamente estas breves palavras de explicação.

É uma história emocionante de pesquisa histórica, que trouxe os hinos do Novo Testamento ao primeiro plano, e alguns deles são estudados aqui. Duas descobertas extrabíblicas estimularam o estudo das Escrituras, tanto do Antigo como do Novo Testamento. As Odes de Salomão (The Odes of Salomon), descobertas em 1908, por J. Rendei Harris, revelaram o uso de hinos na igreja Síria ou Palestina, no fim do primeiro século ou no segundo século d.C.7 Trata-se de uma coleção de quarenta e dois hinos, que se pensa eram usados na preparação final dos catecúmenos para o batismo cristão. Depois da descoberta de um grande tesouro de rolos em Qumran, em 1947, uma coleção de hinos anteriores ao Novo Testamento acrescentou uma segunda fonte de luz extrabíblica. O Livro de Hinos (Book oi Hymns), em dezoito colunas, é, talvez, apenas uma parte do todo, mas esses salmos (ou hinos) de ação de graças são suficientes, para conclusões gerais. O Manual de Disciplina (Manual of Discipline) contém outro hino importante, que foi anexado, e, por causa do seu conteúdo, se tomou conhecido como “O Hino dos Iniciantes”.

O método de história da forma, aplicado tanto ao Velho Testamento como ao Novo Testamento, tem feito com que seja impossível falar dos livros poéticos do Velho Testamento como sendo apenas o grupo de Jó a Cântico dos Cânticos. Grande parte da profecia do Antigo Testamento é poética, como o são também muitas passagens dos livros de lei e história. Os resultados desse método têm sido geralmente incorporados em o Velho Testamento da versão da IBB, como demonstrará amplamente uma vista d’olhos em um livro como Isaías ou Amõs; mas o Novo Testamento da versão da RSV (Revised Standard Version) é estranhamente conservador a este respeito, o mesmo não acontecendo com a tradução da IBB. Já em 1901, um erudito tão conservador como Arthur S. Way não hesitou em usar este método em sua tradução das cartas paulinas (The Pauline Letters). Foi a monumental tradução do Novo Testamento feita por James Moffatt, em 1913, que empregou este método, com impressionantes resultados, mas muitas pessoas parecem ainda não ter notado por que tantas passagens são impressas como poemas. O número de hinos anotados por Moffatt, em I Co- ríntios, é impressionante, mas ele também encontrou muitos em Romanos (2:12, 28,29; 3:10-18; 8:5,6; 11:16, 30-32; 14:6-8). Helen Barrett Montgomery, em sua Centenary Translation of the New Testament (1924), identificou Romanos 8:5-8, 31-39; 13:11-14 como hinos. A New English Bible (1961) faz um bom início, anotando o hino-modelo de Romanos 3:10-18, mas deixa de prosseguir no processo em outras passagens. A Bíblia de Jerusalém, tanto em francês (1955) como nas edições em inglês (1966) e português (1976), também notou várias passagens em Romanos como hinos (3:
10-18; 8:31-39; 11:33-36).


Romanos é campo fértil para um estudo mais aprofundado acerca da história da forma dos hinos. As impressionantes monografias, escritas por Ralph Martin, acerca de Filipenses 2:6-10, e Hans Gabathuler acerca de Colossenses 1:15-20, estabelecem um elevado padrão para a futura pesquisa acerca dos hinos em Romanos e outras passagens neotes- tamentárias, prontas para a colheita.
Estudos compreensivos têm sido feitos por Gottfried Schille, em seu Early Christian Hymns, e por Reinhard Deichgra- ber, em Hymns of God and Hymns of Christ in Early Christianity, e essas obras têm sido freqüentemente consultadas, embora os arranjos propostos nem sempre tenham sido seguidos. Certos assuntos estilísticos, no texto grego, ajudam a reconhecer essas passagens poéticas como hinos, mas o fator mais importante é o equilibrado paralelismo, encontrado tão abundantemente em o Velho Testamento. Romanos 3:10-18 é chamado de modelo, visto que é um arranjo de paralelos poéticos do Velho Testamento, mas outras passagens também são exemplos de hinos (algumas aparecendo como poéticas neste comentário; veja 2:28,29; 3:21-26; 5:6-11, 12-21; 6:5- 10; 8:5,6, 29-39; 10:14,15; 11:16,30-32; 11:33-36; 12:9-16; 13:11-14; 14:6-8). Mesmo que essas propostas poéticas sejam rejeitadas, o paralelismo ajudará a entender o seu pensamento. A idéia de hinos não deve ser rejeitada a priori, como se alguma questão doutrinária estivesse envolvida. Não há sugestão de que Paulo não seja o autor desses hinos, mas a opinião seguida neste comentário ajuda a localizar os “hinos e cânticos espirituais”, bem como os salmos com que os cristãos primitivos entoavam louvores a Deus e a Jesus Cristo (cf. Col. 3:16; Ef. 5:19). A interpretação “prosaica”  destas passagens é apresentada insistentemente, para explicar as instruções de Paulo e o costume da adoração cristã naquela época (cf. ICor. 14:26).

Ãs bênçãos (15:5,6, 13, 33; 16:20), já mencionadas em relação ao texto, devem ser adicionadas algumas doxologias esparsas no corpo da epístola (1:25; 9:5; 11:36). A tipologia é usada em dois lugares. Só a forma tipológica é usada em relação a Abraão (4:23b,24a), mas a palavra “tipo” é usada em relação a Adão (5:14). Em alguns lugares Paulo parece estar usando uma coleção de Testimonia reunidos do Antigo Testamento (9:33; 10:19; 11:9).

Os credos, catecismos, hinos e salmos engastados em Romanos devem nos fazer lembrar que esta carta e o restante do Novo Testamento se originaram da vida e da adoração das igrejas primitivas. A educação cristã, hoje em dia, tem muito a aprender deste método de ensino, quando os materiais escritos eram escassos.


Todas essas formas literárias são importantes para que se entenda
o conteúdo em seu ambiente histórico. É quase impossível conhecer o que significa uma passagem hoje em dia, enquanto não for reconstruído o seu significado para ontem.

Fonte: Comentário Bíblico Broadman

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