Concernente à Grandeza (Lc. 9:46-48)
46 E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles
seria o maior.
47 Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações,
tomou uma criança, pô-la junto de si,
48 e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu
nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber a mim, recebe aquele que me
enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.
Desta forma, a estupidez dos
discípulos é ilustrada pela informação de que eles estavam discutindo por
melhores posições, em que se empenharam tão depressa depois que Jesus lhes
havia falado a respeito de morrer.
A base de sua rivalidade era o seu conceito
errado, já anteriormente demonstrado, a respeito do reino messiânico (cf. Mat.
18:1).
Porque eles ainda achavam que estavam seguindo um líder que obteria
vitória sobre os inimigos de Israel e estabeleceria um reino glorioso,
ambicionavam papéis preponderantes na dinastia davídica, que hipoteticamente se
restabeleceria.
Se eles tivessem entendido as declarações de Jesus a
respeito de seu destino ( leia o v. 44), teriam percebido que ele se considerava servo, em vez
de herói messiânico nacional.
Desta perspectiva, ele interpreta para eles os
requisitos do discipulado. Jesus usa um ato de simbolismo profético para
apresentar a lição. Com uma pequena variante em relação a Marcos, Lucas torna o
ato ainda mais significativo. Marcos diz que Jesus colocou a criança “no meio
deles” (9:36), mas em Lucas vemos que Jesus a colocou junto de si.
Agora, a pergunta é: Como o discípulo deve servir a Jesus? A
resposta é: Ministrando à criança que está junto dele.
A criança é o símbolo
dos fracos e desprotegidos membros da família humana. Não que devamos igualar
as pessoas des- privilegiadas e indefesas com Deus.
Mas a dedicação a Deus, em
seguir a Jesus, é expressa primordialmente mediante atos de misericórdia e
amor.
Na Bíblia, Deus está intimamente identificado com as vítimas da injustiça
e do preconceito.
Jesus também se identificou com elas — de fato, tão
intimamente, que pode dizer que, recebê-las, isto é, dar-lhes proteção e ajuda,
é recebê-lo e é receber Deus.
A maneira “religiosa” de evitar o impacto das exigências de
Jesus é estabelecer um “culto a Jesus”.
Podemos nos reunir em edifícios
especiais (que chamamos erradamente de “igreja”), cantar hinos a respeito de
Jesus, tornarmo-nos sentimentais a respeito dele, chorar, ao se falar nele, e
depois nos levantarmos para andar com os olhos secos e cegos através de um
mundo de miséria e necessidade, sem nos importarmos com as espécies de pessoas
a que ele serviu.
Quando agimos assim, a religião se torna maligna, porque
propicia um escape, santificado pelo nome de Jesus, da severidade das
exigências que ele faz quanto às nossa vidas (cf. Mat. 25:31 e ss.).
Em segundo lugar, a criança representa o menor do grupo.
Condicionada, como estava, pelo ambiente de autoridade de que estava cercada, a
criança não tinha ilusões quanto ao seu lugar.
Seria inconcebível que ela
discutisse com os discípulos a respeito de uma posição de proeminência.
A
criança era maior do que os discípulos exatamente porque era isenta de
pretensões.
Consequentemente, o discípulo que desejar ser grande,
paradoxalmente precisa desistir de todas as ambições de ser grande.
Fonte: Comentário Bíblico Broadman
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