Várias Reações Para
com Jesus ( Mt.11:2-30)
Sem forçar o material, o leitor facilmente vê, nesta seção,
pelo menos cinco reações para com Jesus:
1) A cautelosa aproximação de João (v. 2-11),
2) Os esforços para fazer o reino de Deus servir aos alvos
humanos (v. 12-15),
3) O desagrado infantil com todas as opções (v. 16-19),
4) O flagrante desinteresse ou rejeição do evangelho (v.
20-24) e a
5) Confiança de cunho infantil (v. 25-30).
1. Incerteza e Confusão
(11:2-6)
2 Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou,
pelos seus discípulos, perguntar-lhe:
3 És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
4 Respondeu-lhes Jesus : Ide contar a João a s coisas que ouvis e
vedes:
5 os cegos veem , e os coxos andam ; os leprosos são purificados, e os
surdos ouvem ; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o
evangelho.
6 E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim .
A incerteza de João acerca de Jesus germinou devido à espécie de ministério que Jesus estava realizando. João havia proclamado a vinda do reino dos céus, e havia visto a sua vinda em termos de juízo, simbolizado por machado, pá e fogo (3:2, 10-12). Ele aparentemente esperava que o Cristo agisse dramaticamente, destruindo os ímpios e vingando os justos. Exteriormente, os sinais de tal vitória não eram aparentes, pois ele estava na prisão, enquanto Herodes Antipas e Herodias estavam vivendo em luxo e poder (14:1-12).
Os zelotes claramente esperavam um messias de tipo militar,
e João parece ter esperado pelo menos um homem mais militante do que os atos dê
Jesus pareciam expressar. Aparentemente, ele esperava que o Messias se
envolvesse mais direta e exteriormente com o mundo ao seu redor. Pode ter-lhe
parecido que Jesus estava assumindo um papel humilde demais. Foi exatamente
neste ponto que Pedro e outros tropeçaram (cf. 16:21-23; João 13:8).
O versículo 6 é decisivo. Esta é uma outra “beatitude”, e a
bem-aventurança pertence aos que não se escandalizam com Jesus devido à
natureza do seu ministério. Escandalizar traduz uma forma verbal edificada
sobre a palavra grega skandalon, usada, em primeiro lugar,
para designar a isca de uma armadilha, e, posteriormente, como metáfora para tudo
o que faz uma pessoa tropeçar ou errar e cair. Jesus declara bem-aventurados os
que não tropeçam sobre o fato de o seu ministério ser o de servo, em vez do
de um “conquistador” material. Paulo chamou isto de “escândalo
(pedra de tropeço) da cruz” (I Cor. 1:22-25). Até os apóstolos
tropeçaram acerca do papel que Jesus declarou que viera executar (16:21-23).
2. Os esforços para
fazer o reino de Deus servir aos alvos humanos (v. 12-15)
(Distorção e Violência)
v.12. E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é
tomado a força, e os violentos o tomam de assalto .
Tomado à força (biazetai) descreve o reino como sendo assaltado. Tomam de assalto (harpazousin) pode ser o que gramaticalmente é conhecido como “conativo”. Se assim é, ele descreve esforço ou intenção, mas não necessariamente realização. A força conativa de um verbo não é determinada por sua forma, mas sugerida pelo contexto.
Os violentos seriam os zelotes e todos os ativistas que
pensavam no reino de Deus em termos políticos, e no papel do Messias realizando
inclusive a derrota do domínio romano, mediante a força militar.
Os “extremistas”, através de revolta
armada, procuravam precipitar a vinda messiânica e estabelecer o reino de Deus.
Os “moderados” se contentavam em
esperar que Deus tomasse a iniciativa. Ambos os grupos esperavam um reino que
tomaria forma dentro de uma estrutura política. Jesus rejeitou positiva e
repetidamente assumir este papel.
3. Desprazer Infantil
(11:16-19)
16 Mas, a quem com pararei esta geração? É semelhante aos
meninos que, sentados nas praças, clamam aos seu s companheiros:
17 Tocamos-vos flauta, e não dançastes; cantamos
lamentações, e não pranteastes.
18 Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem :
Tem demônio.
19 Veio o Filho do homem, com endo e bebendo,e dizem : Eis
aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto,
a sabedoria é justificada pelas suas obras.
Jesus comparou a sua geração a crianças desagradáveis, que sempre acham defeitos nos outros. Geralmente esta analogia é compreendida como referindo-se a crianças que acham ruim qualquer brincadeira proposta. Não querem brincar nem de casamento nem de funeral. Não querem nem dançar nem lamentar.
4. Rejeição Voluntária
(11:20-24)
30 Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se
operara maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo:
21 Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro
e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se operaram , há muito
elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.
22 Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos
rigor, no dia do juízo, do que para vós.
23 E tu, C afarnaum , porventura serás elevada até o céu?
até o hades descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que
em ti se operaram , teria ela permanecido até hoje.
24 Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos
rigor para a terra de Sodoma do que para ti.
A principal lição desta unidade é que a severidade do juízo
é determinada pela extensão do privilégio concedido. Quanto maior o privilégio,
maior a responsabilidade. Não é um simples jogo de palavras dizer que a
responsabilidade é medida pela capacidade de reagir. A pessoa ou cidade é
responsabilizada por nem mais nem menos do que o que está dentro da sua
oportunidade e competência. As cidades em que tantos dos seus milagres haviam sido
operados foram condenadas por não se haverem arrependido (quanto a
arrependimento, veja 3:2).
O fato mais sério acerca do pecado é que ele é como uma
doença; ele traz consigo os germes da própria destruição. É claramente ensinado
que Deus julga o pecador, mas a Escritura também ensina que o pecado, por si
mesmo, acarreta ruína. A seriedade do pecado, como uma doença maligna, não é
devida ao fato de ser descoberta, mas ao fato de estar ali.
Pode ser observado que a reação moral do arrependimento, não
meramente a curiosidade ou busca de ganhos temporais, é a reação apropriada aos
milagres de Jesus.
5. Confiança Infantil
(11:25-30)
25 Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos,
e as revelastes aos pequeninos.
26 Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pa ; e ninguém
conhece plenamente o Filho senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai,
senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim , todos os que estais cansados e oprimidos, e
eu vos aliviarei.
39 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para as vossas almas.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
Este parágrafo é insuperável em respeito à natureza e
significado da revelação. O
conhecimento de Deus não é realização dos sábios e entendidos. É o presente de
Deus aos pequeninos.
Paulo, de forma similar,
escreveu que, segundo a sabedoria de Deus, não é através da sabedoria, mas
através da fé que conhecemos a Deus, desvendada especialmente pela cruz (ICor.
1:21).
Os pequeninos são os
humildes e receptivos. O homem não descobre Deus, mas é Deus que se revela aos
que nele confiam.
Jesus veio para nos
capacitar a conhecer a Deus como Pai. “Conhecer” da forma como é usado aqui,
não é ter conhecimento intelectual. Se fosse este o caso, os eruditos teriam
vantagens. “Conhecer” Deus é encontrá-lo em confiança e amor. É conhecê-lo como
uma pessoa é conhecida.
A singularidade e a
solidão de Jesus no mundo são refletidas na declaração de que apenas o Pai
conhece plenamente o Filho. Nem mesmo João o conhecia adequadamente. Jesus
repetidamente era mal entendido pelos que o rodeavam. Só o Pai verdadeiramente
o conhece.
A doutrina bíblica da
eleição diz que Deus toma a iniciativa na revelação e na redenção. Deus vem ao
homem; o homem não abre caminho para Deus. Deus se revela ao homem; o homem não
descobre Deus.
O versículo 28 torna
claro que ninguém é excluído arbitrariamente da salvação.
O gracioso convite de
Jesus é feito para todos os que estais cansados e oprimidos.
Jesus oferece um jugo tanto quanto um descanso.
Jesus oferece um jugo
que é suave, e um fardo que é leve. Isto demonstra o profundo paradoxo que
permeia o Evangelho de Mateus. A salvação é dádiva
e exigência.
É evangelho e lei.
Deus dá tudo e exige tudo.
0 Comentários:
Postar um comentário