Encanto
"Assim as igrejas
em toda a Judéia, Galiléia e Somaria tinham paz. Eram fortalecidas e,
edificadas pelo Espírito Santo, se multiplicavam, andando no temor do
Senhor." (Atos 9:31)
Espantoso. Na verdade,
fenomenal. Especialmente quando você entende as circunstâncias em que a igreja
estava sobrevivendo, naquela época. Seus líderes estavam sendo aprisionados.
As pessoas da igreja eram ameaçadas.
O martírio de Estevão ainda estava bem
fresco na memória de todos (7:54-60).
Paulo escapara por um fio de cabelo de
ser morto pelos hostis judeus helenistas (9:28-30).
Era inevitável um banho de
sangue. Entretanto, a igreja por toda a Palestina gozava de paz — "tinha
paz" e, além disso, "crescia em número."
Igreja intimorata.
Determinada. Elástica.
Não importou quantas vezes
receberam ordens para "que não falassem em o nome de Jesus" (5:40);
os discípulos mantiveram-se firmes. A despeito de ameaças, advertências,
açoites e outros métodos insidiosos de perseguição, os crentes conservaram-se
em perfeita paz; constituíam bolsões de paz, lugares de refúgio.
Tente
imaginar como o entusiasmo deles deveria ser contagioso... quanta alegria
deveriam manifestar! Genuinamente!
Contra todas as
expectativas, a igreja florescia. Em vez de retirar-se, formando um grupelho de
pessoas amarguradas, negativas, amedrontadas, de intensa rigidez, permaneceram
confiantes e magnéticos. Estou freqüentemente retratando a igreja primitiva
como formada por pessoas de encanto contagiante.
Sempre que esse retrato
mental surge à minha frente, vêm à minha memória as palavras sábias de Reinhold
Niebuhr:
"Você pode compelir as pessoas a manterem certos padrões
mínimos, ao enfatizar os seus deveres; contudo, as maiores realizações morais
e espirituais não dependem de um empurrão, mas de uma puxada. É preciso haver
um grande encanto para que as pessoas pratiquem a justiça.
Quando é que finalmente a
igreja vai aprender isso? Até quando vamos confiar em empurrões e exigências?
Que é preciso para trazermos de volta o encanto... essa graça maravilhosa que
atrai a justiça latente em nós, assim como um poderoso ímã atrai aparas de
ferro?
Os primitivos santos conheciam um jeito especial de manter uma atmosfera
amorosa, uma motivação autêntica de aceitação positiva. Nenhuma pressão externa
conseguia perturbar-lhes a paz interna. O resultado era previsível: as pessoas
não podiam ficar longe dos lugares de culto.
A assembléia dos crentes era o
lugar onde deveriam estar todos... onde a pessoa podia ser ela mesma... onde
poderia partilhar suas tristezas... formular suas perguntas... admitir suas
necessidades... derramar suas lágrimas... exprimir abertamente suas
opiniões... tecer seus sonhos. Mas, é natural!
Existe porventura algum outro
lugar na terra que seja mais adequado, mais perfeitamente projetado para esse
tipo de abertura?
O compositor musical cego
Kem Medema captou esse espírito quando escreveu estas palavras:
"Se este não é o lugar
onde as lágrimas são entendidas
Aonde devo ir, então, para
chorar?
Se este não é o lugar em
que meu espírito pode alçar vôo
Aonde devo ir, então, para
voar?
Não preciso de outro lugar
Apenas para te impressionar
Dizendo-te como sou bom e
virtuoso
Não, não, não.
Não preciso de outro lugar
só para estar sempre por cima.
Todos sabem que isso é
fingimento,
só fingimento.
Não preciso de outro lugar
só para afivelar sorrisos
Até mesmo quando não quero
sorrir.
Não preciso de outro lugar
só para matraquear as
velhas bobagens de sempre
Todo o mundo já sabe que é
tudo irreal.
Portanto, se este não é um
lugar onde
minhas perguntas podem ser
formuladas
A quem devo, então,
procurar?
E se este não é o lugar
onde meu coração chora,
e seu lamento pode ser
ouvido,
Aonde, diga-me, devo ir, a
quem devo falar?"
Seria maravilhoso se em
algum dia, no futuro, um historiador que olhasse para trás, para nossa época, pudesse
escrever a nosso respeito o seguinte:
"E foi assim que a
igreja por todos os Estados Unidos, Canadá, México e América Latina em geral
gozava de paz, edificando-se continuamente... e continuava a crescer.
Um ímã
irresistível atraía as pessoas. A busca de caráter mantinha as pessoas
unidas."
Vai ser preciso um
ingrediente capaz de penetrar profundamente nas pessoas, se quisermos que essa
declaração encontre seu lugar na crônica de amanhã, da história da igreja:
ENCANTO.
A Busca de Hoje
Quando oravam, havia
poder. Quando contribuíam, havia generosidade. Quando se abraçavam, havia amor.
Quando falavam, havia autenticidade. Quando partiam, havia lágrimas. Dezenove
séculos mais tarde, eis que a igreja prossegue. Nossa família é muito maior, e
exerce maior influência. Mas, será que é melhor? Pense bem nesta questão,
quando você estiver na presença do Senhor, mais tarde.
Leia Atos 4.
Trecho retirado do livro: A Busca do Caráter, de Charles Swindoll
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