sábado, 13 de setembro de 2014

Tema:

A ÉTICA NA BÍBLIA Por: William M. Pinson Jr.

A Ética na Bíblia

A pergunta “O que se deve fazer?” importa em uma consideração de ética. A ética tem a ver com padrões, valores, e deveres, no que diz respeito à conduta humana. Ela procura determinar o que deve ser feito e como fazê-lo — na ação individual, nas relações interpessoais, na vida familiar e na sociedade

Os escritores bíblicos deram muita atenção à ética. Depois de um estudo minucioso da ética, na Bíblia, T. B. Maston chegou à seguinte conclusão: “A ética é a fase importante de praticamente todos os livros de ambos os Testamentos, e é o tema central ou interesse dominante de inúmeros livros” (p. 281).

I.Abordagens Básicas

A maior parte dos eruditos bíblicos concorda que as ênfases éticas são parte significativa da Bíblia, mas discordam quanto à maneira como elas se relacionam com a vida, nos dias de hoje. Alguns deles se descartam da ética bíblica, como obsoleta e irrelevante, mas a maioria deles considera a ética bíblica como aplicável, de alguma forma, à nossa situação.

Uma abordagem é considerar a Bíblia como um livro de regras ou código de conduta humana, aceitando tanto as leis do Velho Testamento como os preceitos do Novo como palavras de autoridade para hoje. Os advogados desta posição recorrem à Bíblia para encontrarem respostas específicas para todos os problemas morais. Um grande número de falhas tem sido apontado, no que tange à abordagem da ética bíblica, considerando a Bíblia como um livro de regras.
Por exemplo:

(1) Muitos problemas modernos como o controle de natalidade, abuso de drogas, transplantes de coração, transfusão de sangue e guerra atômica, não são tratados especificamente na Bíblia.
(2)  Numerosas regras bíblicas estavam tão relacionadas com a época em que foram escritas, que têm pouco significado nos dias de hoje (Lev. 25:44-46).
(3) Certas ordens bíblicas são contrárias às leis atuais (Lev. 20:10-16). Finalmente, até mesmo ordens muito explícitas podem deixar incertezas. Por exemplo, a ordem “Não matará” se aplica ao aborto, ou não?

Uma segunda abordagem da ética bíblica insiste que nenhum mandamento ou ensino da Bíblia é absolutamente compulsório. A exceção é o amor, o único absoluto; por ele todas as atitudes e ações devem ser julgadas. Os expoentes desta posição creem que uma pessoa não pode conhecer o que deve fazer se não se defrontar com uma situação concreta. A pessoa deve agir de maneira amorosa e responsável em cada situação. Os advogados desta posição dizem que a Bíblia é útil de pelo menos três maneiras:

(1º)  Ela mostra que Deus trata com o homem de acordo com a situação em que está, e não mediante regras ou códigos (Mat. 12:1-8).
(2º) Ela aponta para a primazia do amor nas relações humanas (Mat. 22:34-40).
(3º) Ela ajuda a desenvolver e motivar a qualidade de caráter necessária para se tomar decisões éticas adequadas (II Tim. 3:16, 17).  

Grande número de objeções tem sido suscitado contra esta abordagem:
(1) Que ela não leva a Bíblia suficientemente a sério; por exemplo, ela menospreza as numerosas diretrizes específicas de ação ética estabelecida por Jesus, Paulo e outros escritores da Bíblia.
(2) Ela é demasiadamente otimista a respeito da capacidade do homem de saber qual é a atitude amorosa a ser tomada;
(3) o amor muitas vezes necessita de instruções concretas.
(4) Ela enfatiza demasiadamente a peculiaridade das situações; a maior parte das situações tem qualidades universais.
(5) A despeito de sua crítica de princípios e leis morais, ela estabelece a sua própria lista de diretrizes e regras.

Uma terceira abordagem enfatiza os princípios e ideais da Bíblia. Muitos destes princípios e ideais são declarados explicitamente; outros estão implícitos em regras que não são aplicáveis diretamente hoje em dia. Estão sendo esforços para determinar quais são os princípios básicos que estão por detrás desses mandamentos específicos (Êx. 21:1-11; Lev. 19:27).
Crê-se que tais princípios são permanentemente importantes, embora certas ordens específicas possam não sê- lo. Os princípios precisam ser aplicados a decisões concretas e problemas atuais. Isto exige o uso de sadia interpretação bíblica e do exercício da razão iluminada pelo Espírito Santo.

Tem sido feita uma crítica da abordagem da ética bíblica quanto aos princípios:
(1) Ela pode ser endurecida, até tornar-se legalismo.
(2) Ela algumas vezes valoriza mais os princípios do que as pessoas.
 (3) É difícil determinar que princípio deva ter prioridade, quando, em uma situação particular, vários deles parecem conflitar.
 (4) Muitas vezes é quase impossível saber se um mandamento ético da Bíblia é um princípio básico ou a aplicação de um princípio em uma situação específica.

Qualquer abordagem de ética bíblica exige uma interpretação e uma aplicação. Até os crentes mais devotos não seguem literalmente todos os ensinamentos éticos da Bíblia. Por exemplo, muitos crentes comem carne de porco, permitem que as mulheres falem na igreja, não apedrejam os adúlteros até a morte e usam joias — coisas essas que violam ordens ou ensinamentos bíblicos (cf. Lev. 11:7,8; 20h10min; I Tim. 2:9-14; I Cor. 14:34,35). Obviamente, alguns preceitos são considerados de mais autoridade do que outros.

Um método básico de interpretação, usado por muitos crentes é avaliar o Velho Testamento à luz do Novo, e todas as ênfases éticas, em ambos os Testamentos, à luz da vida e dos ensinos de Jesus.
Este método é baseado na crença de que, em Cristo, Deus revelou-se mais completamente (Heb. 1:1,2). Portanto, sempre que a vida ou o ensino de Jesus parece conflitar com um mandamento do Velho Testamento, a palavra de Jesus deve ser considerada de maior autoridade (Êx. 21:23 eMat. 5:38,39; Lev. 20:10 e João 8:1-11). Os crentes discordam quanto à relação geral dos ensinamentos éticos do Velho Testamento com os do Novo. Alguns creem que as ênfases do Velho Testamento não têm autoridade, a não ser que sejam especificamente citadas em o Novo. Outros acham que os preceitos do Velho Testamento são compulsórios, a não ser que sejam especificamente descartados em o Novo Testamento. Muitos insistem que, embora a chamada da lei cerimonial e civil do Velho Testamento não seja obrigatória, a lei moral ainda tem autoridade. É necessária interpretação também para determinar o que a Bíblia ensina a respeito de problemas específicos. Não é suficiente saber o que a Bíblia diz. Precisamos também entender o que ela quer dizer e como isso se aplica a nós hoje. Por exemplo, a Bíblia diz muitas coisas a respeito do divórcio (Deut. 24:1-4; Mal. 2:16; Mat. 5:31,32; 19:3-12; Mar. 10:1-12; Luc. 16:18; I Cor. 7:1-15). Levando em conta estas declarações específicas, bem como os princípios básicos para a vida cristã, o crente precisa determinar o que a Bíblia quer dizer que os crentes devem fazer com respeito ao divórcio. Indubitavelmente, o crente deve aceitar a Bíblia como palavra de autoridade. Mas, assim mesmo, ele precisa interpretar os ensinamentos éticos da Bíblia e aplicá-los à sua vida, para determinar o que deve fazer. Uma abordagem assim exige profundo entendimento da natureza da ética bíblica.

II. Características Gerais
Grande número de características está evidente na ética bíblica. Ter conhecimento delas ajudará na interpretação e na aplicação das mesmas.

Religiosas.
As ênfases éticas da Bíblia estão arraigadas na experiência religiosa. Muitos sistemas éticos do mundo são edificados na razão ou na tradição e têm pouco ou nada a ver com a religião. Tais abordagens da ética têm o homem como seu ponto de partida e a razão como seu método básico. A ética bíblica, por seu turno, centraliza-se em Deus e depende primordialmente da revelação. Teologia e ética andam de mãos dadas na Bíblia. A conduta divina se relaciona com a conduta humana. Uma religião que se preocupe apenas com doutrinas e rituais são desagradáveis a Deus. Ele requer justiça, retidão, amor e misericórdia da parte de seu povo. Os Dez Mandamentos (Êx. 20:1-17) e o Grande Mandamento de Jesus (Mat. 22:34-40) são exemplos vivos da inter-relação que há na Bíblia, entre o vertical e o horizontal, entre a religião e a ética. O íntimo relacionamento da religião com a ética é também verificado nos conceitos de Deus, o homem e o pecado. Deus é uma Pessoa moral. Ele revela a sua natureza e vontade ao homem. O homem é criado capaz de conhecer e reagir à revelação de Deus. O fato de ele falhar em fazê-lo é pecado. Portanto, pecado é mais do que violação de tabus religiosos. Ele tem uma dimensão ética. A salvação também está relacionada com a ética. A Bíblia indica claramente que, embora a salvação não seja conseguida através das obras, as boas obras são uma evidência ou propósito da salvação (Ef. 2:8-10). A fé é adequada apenas quando resulta em atitudes e conduta agradáveis a Deus (Mat. 7:15-23; Rom. 6:1-4).

Variadas.
A Bíblia contém vários graus e níveis de ênfases éticas. Gênesis, Êxodo, Levítico, Deuteronômio, Provérbios, Amós, Miquéias, Isaías, Oséias, os Evangelhos Sinópticos, a parte final de Romanos, Gálatas, Efésios e Colossenses, as epístolas a Timóteo, Tito, I Coríntios, I João e Tiago contêm grande quantidade de material ético. O raio de ação da ética na Bíblia inclui tanto atitudes interiores (Mat. 5:21-30; Gál. 5:22,23) quanto ação exterior(Rom. 13:1-7; I Cor. 7:1-24). A conduta pessoal é considerada, bem como as instituições sociais (Veja, mais adiante, “Áreas de Interesse”). Diferentes partes da Bíblia apresentam diferentes ênfases éticas. O Velho Testamento preocupa-se, primariamente, mas não exclusivamente, com ordens específicas, lei, conduta exterior, injunções negativas e padrões para o povo e a nação hebreia. O Novo Testamento dedica-se mais a princípios gerais, graça, atitudes interiores, motivação e padrões para indivíduos e igrejas. Além disso, há grande variedade no Velho como em o Novo Testamento. O Pentateuco dedica-se principalmente a leis e regras relacionadas com o pacto. Os profetas enfatizam que a atividade religiosa sem uma vida reta é desagradável a Deus. A literatura de sabedoria recomenda que os homens vivam pelos ditames da sabedoria divina. Em o Novo Testamento, os ensinamentos de Jesus enfatizam serviço por amor, atitudes íntimas, o reino de Deus, as expectativas de um Pai celestial amoroso e a relação adequada entre a religião e a ética. Em comparação com Jesus, Paulo é mais específico, negativo, e está centralizado na Igreja. Ele trata extensivamente de problemas, como a relação entre lei e graça, gentios e judeus, Igreja e mundo, coisas a respeito de que Jesus pouco falou. Os ensinos de João são genéricos, e enfatizam o amor em ação, enquanto os de Tiago são específicos, e relacionam fé com obras. A despeito da variedade e diversidade, há uma notável unidade na Bíblia, no que tange à ética. Esta unidade é, em grande parte, devida ao fato de que todas as ênfases éticas se relacionam com Deus, personalidade central e fator unificador da Bíblia.

Importantes.
A ética da Bíblia é importante e expressa autoridade para com os homens hodiernos. Os ensinamentos éticos falam aos problemas atuais do homem. Parte da razão da qualidade sempre atualizada da Bíblia é que o homem não mudou essencialmente desde que a Bíblia foi escrita. Nem todos os ensinamentos éticos da Bíblia são igualmente importantes. As passagens que estão pelo menos relacionadas com as circunstâncias históricas são, em geral, as mais permanentemente importantes. Declarações de princípios básicos e ideais são frequentemente mais importantes do que códigos específicos de conduta. Muitos desses são ideais de perfeição. Estão além da capacidade do homem de atingi-los. “Eles são os ideais que criam à tensão dinâmica no âmago de nossa fé cristã, que é o segredo de sua criatividade” (Maston, p. 287). É óbvio que há algum tipo de progresso ou refinamento na ética da Bíblia. Tal progresso é particularmente notável quando se passa do Velho Testamento para o Novo, especialmente quando se passa para a vida e ensinamentos de Jesus. O Novo Testamento é mais completamente importante do que o Velho. O clímax da revelação de Deus veio em seu Filho, Jesus Cristo. Jesus tomou clara a suprema autoridade de seus ensinamentos éticos quando, no Sermão da Montanha, declarou: “Ouvistes que foi dito aos antigos... Eu, porém, vos digo.”
Dizer que um ensinamento ético é menos importante do que outro não significa que ele não é inspirado ou útil. Mesmo as passagens que, à luz dos ensinamentos de Jesus, são, indubitavelmente, não aplicáveis a nós, ainda assim podem ser informativas. Os ensinamentos éticos não diretamente relacionados à nossa época frequentemente contêm princípios básicos que são permanentemente importantes. Instruções quanto ao que fazer quando você encontra o boi de seu vizinho perdido (Deut. 22:1,2) não são particularmente úteis para o moderno habitante de uma cidade. Contudo, por detrás das instruções específicas encontram-se princípios de honestidade e de preocupação para com as pessoas e suas propriedades, que se aplicam à vida citadina no século XX.

Peculiares.
Muitos dos preceitos e princípios da Bíblia podem ser encontrados nas obras literárias de outras religiões. A peculiaridade da ética bíblica reside primordialmente na pessoa e obra de Jesus Cristo. Embora grande parte dos ensinamentos éticos de Jesus possa ser encontrada algures, ele apresenta uma seleção e combinação exclusivas de ensinamentos, que não se encontram em nenhum outro lugar. Por causa da encarnação, ele propicia padrões de autoridade em sua vida e ensinamentos. Por sua crucificação, ele toma possível a nossa liberdade para seguir o caminho que ele abriu. Como resultado da ressurreição, ele pode dar poder ao crente, vivendo através dele. Na promessa de sua volta, ele oferece encorajamento para que o crente seja fiel a despeito das dificuldades, porque é-lhe assegurada vitória final.

III. Ênfases Principais
Foram feitos muitos esforços para sistematizar a ética bíblica em torno de um tema, mas é artificial forçar a ética da Bíblia em um molde assim. Grande número de ênfases é proeminente na ética da Bíblia. Importante é que os homens devem fazer a,

(( vontade de  Deus)).

O Velho Testamento está cheio de ordens de Deus para o seu povo. É claro que ele esperava que este fizesse a sua vontade. Quando os profetas trovejaram: “Assim diz o Senhor”, estavam também enfatizando que a vontade de Deus devia ser cumprida. Jesus sublinhou este tema, em seu ministério (Mat. 7:21).O seu conceito de reino de Deus exigia obediência radical à vontade de Deus. A Bíblia é o recurso primordial, embora não exclusivo, para se encontrar a vontade de Deus.

((Divindade)).
A Bíblia declara que o homem é feito à imagem de Deus (Gên. 1:26,27). Embora manchado pelo pecado, o homem ainda é a imagem de Deus (Gên. 9:6). Seja o que mais signifique a imagem de Deus, ela certamente indica que o homem foi criado para ser igual a Deus, tanto quanto as limitações humanas o permitam. O caráter de Deus deve ser o padrão para o caráter do homem. Este tema se faz ressoar em ambos os Testamentos. Levítico registra a ordem de Deus: “Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (19:2). E Jesus declarou: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mat. 5:48). Os escritores bíblicos indicam que Deus é amoroso, justo, misericordioso, reto e perdoador. Portanto, os homens devem também exibir estas características em suas vidas.

((Amor)).
Porque Deus é amor, o seu povo deve amar. O amor é um dos temas mais importantes da ética bíblica. Ele é a virtude suprema. O amor a Deus e o amor ao próximo foram enfatizados no Velho Testamento (Lev. 19:18; Deut. 6:5). Jesus indicou que o amor a Deus e ao próximo resumem toda a lei e os Profetas (Mat. 22:34-40). Os escritores do Novo Testamento enfatizam muitas vezes a importância do amor (Rom. 13:8,10; Gál. 5:14; Tiago2:8; I Joâo3:ll). O Novo Testamento usa uma palavra especial para designar o amor cristão: agapé. Agapé, da maneira como é descrita na Bíblia, não é uma virtude suave (Mat. 22:34-40; I Cor. 13); ela inclui perdão, compaixão e ministração às necessidades do próximo. O amor deve-se estender aos outros sem se considerar os seus méritos nem se pensar na maneira como vão reagir. O amor a Deus envolve confiança, adoração e obediência. O amor ao próximo é boa vontade benevolente em ação. O amor a Deus e o amor ao próximo andam juntos. ((Pacto)). A ética bíblica poderia ser chamada, apropriadamente, de ética pactuai. No pacto instituído no Sinai (Êx. 19; Deut. 5), Deus estabelece obrigações específicas para o seu povo. Quando este concordou com os termos do pacto, prometeu obedecer a essas regras. Por seu turno, Deus prometeu protegê-lo, se ele obedecesse. Os requisitos eram tanto religiosos quanto morais, quanto à sua natureza. Na “nova aliança” (Jer. 31:31- 34; Mat. 26:28; Heb. 8:6-13), Jesus chamou homens para segui-lo e para obedecerem à vontade de Deus em todas as facetas da vida. Cada pacto é uma obra da graça de Deus. A reação de fé a essa graça inclui obediência à fonte da graça, o autor do pacto — Deus. O povo do pacto deve ser o instrumento do propósito redentor de Deus. Como tal, espera-se que ele viva preenchendo certos requisitos que por natureza são principalmente éticos.

 ((Comunidade)).
Tanto o velho como o novo pacto foram instituídos com grupos de pessoas: Israel e o Novo Israel. Os requisitos éticos são apresentados a uma comunidade de pessoas, e não meramente a indivíduos. Eles se dirigem ao povo de Deus. Não que os requisitos éticos da Bíblia não se relacionem com outras pessoas; mas eles são designados especialmente, por Deus, para aqueles que o amam, o conhecem e prometem fazer a sua vontade. Por exemplo, a Lei era primariamente para a nação de Israel, e os ensinamentos éticos de Paulo, primariamente para as igrejas. Dentro da comunidade da fé, o povo de Deus toma decisões éticas. É no contexto da comunidade cristã, da oração, do culto, do compartilhamento e do estudo da Palavra de Deus que os crentes vivem e agem. A ênfase em comunidade é tão importante, na ética da Bíblia, que alguns eruditos usam a expressão descritiva “ética de koinonia”.

 ((Senhorio de Cristo)).
Jesus, de acordo com a Bíblia, deve ser não apenas Salvador, mas também Senhor. O senhorio de Cristo significa, entre outras coisas, que os crentes devem seguir o seu exemplo e obedecer aos seus ensinamentos. Intimamente relacionado com o tema de “Ser como Deus” está a ênfase do Novo Testamento em “Ser como Cristo”. Essa ênfase em ser como Cristo está de acordo com a ênfase bíblica de que Deus estava em Cristo e que Cristo revela o Pai. Visto que devemos ser como Deus, e visto que Jesus revela da maneira mais ampla como Deus é, devemos ser como Jesus. Os escritores do Novo Testamento frequentemente enfatizam este tema (Mar. 8:34; João 13:34; I Cor. 11:1; Fil. 2:5-11; I Ped. 2:21-23). Outro aspecto do senhorio de Cristo é obediência aos seus ensinos. Jesus disse aos seus seguidores: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mat. 28:19,20). Ele também disse: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Uma grande parte dos ensinos de Jesus se relaciona com a ética. Em muitas maneiras, a vida e os ensinos de Jesus se reforçam mutuamente. Jesus ensinou que a vida dos discípulos deve ser caracterizada pelo amor, abnegação, aceitação da cruz, perdão, humildade, serviço e cuidado por todas as necessidades dos homens. Jesus, mediante a sua vida, demonstrou cada uma destas características. O Reino de Deus. Uma das principais ênfases de Jesus, em seus ensinos, foi o reino de Deus. De acordo com Jesus, o reino não é desenvolvido pelos homens, mas, pelo contrário, é estabelecido por Deus. Os homens entram no reino deixando os seus próprios caminhos, para viver em obediência à vontade de Deus. Portanto, o conceito de reino é uma mistura de elementos religiosos e éticos. Ele trata do reinado de Deus sobre todas as facetas da vida.

((Vida Dirigida Pelo Espírito)).
O Novo Testamento enfatiza que os crentes devem seguir a direção do Espírito Santo. Jesus prometeu que o Espírito iria iluminar (João 16:13-15), consolar (João 14: 16) e dar poder aos discípulos (At. 1:8). Atos é um registro da vida da igreja primitiva sob a direção do Espírito. Por exemplo, o Espírito levou a igreja a entender que Deus não faz acepção de pessoas, que o preconceito é errado e que uma igreja deve estar aberta para pessoas de todas as raças. Mais claramente do que qualquer outro escritor do Novo Testamento, Paulo expressa as dimensões morais da vida dirigida pelo Espírito. Ele recomenda aos crentes: “Andai pelo Espírito” (Gál. 5:16). Paulo indica que o Espírito dá poder ao crente e o fortalece (Ef. 3:16). Ele descreve o fruto do Espírito em termos éticos (Gál. 5:22). Ele declara que o Espírito liberta os crentes do pecado (Rom. 8:2) e os ajuda na batalha contra o mal(Ef. 6:17). Paulo declara que o Espírito propicia unidade à igreja, a despeito das diferenças nacionais, de sexo ou raciais (I Cor. 12:13). Os pecados contra o corpo são condenáveis porque o corpo é o “templo do Espírito Santo” (I Cor. 6:19).

IV. Áreas de Interesse.
 Para se descobrir o que a Bíblia ensina a respeito de áreas particulares da vida, é importante ter em mente a necessidade de uma interpretação cuidadosa. Consultar todas as passagens que tratam de um tópico em particular não leva, necessariamente, a uma compreensão do que a Bíblia ensina. Todos os temas básicos de ética bíblica precisam também relacionar-se com o assunto.

((Indivíduo)).
Grande parte dos ensinamentos éticos da Bíblia se relaciona com o indivíduo: sua saúde, bem-estar, atitudes e conduta pessoal. Grandes porções do Velho Testamento são dedicadas a medidas de saúde, na parte referente à Lei. Dieta e regras sanitárias são enfatizadas (Lev. 11-15). Os ensinos do Novo Testamento, a respeito de saúde, são menos extensos, mas não de significado menos importante. O crente deve cuidar de seu corpo, em primeiro lugar, porque ele pertence a Deus (I Cor. 6:13), é um sacrifício vivo (Rom. 12:1), e é o templo do Espírito Santo (I Cor. 6:19). O bem-estar mental e emocional do indivíduo também é do interesse de Deus. O crente deve ter a mente de Cristo e colocar a sua mente nas coisas que são de cima (Fil. 2:5; Col. 3:2). Ele deve regozijar-se, ser cheio de esperança, ter confiança em Deus, rejeitar a ansiedade e deixar que a paz de Cristo domine em seu coração (Mat. 6:25-34; João 14:27; Col. 3:15; ITim. 4:10). Virtudes que devem ser cultivadas e vícios que devem ser eliminados fazem parte das ênfases éticas da Bíblia. No Velho Testamento, os Salmos 1, 15 e 24, Jó 31, Ezequiel 18 e porções de Isaías, Miquéias, Oséias e Amós estabelecem qualidades agradáveis ou desagradáveis a Deus. Porções do Novo Testamento também relacionam virtudes e vícios (Gál. 5:16-25; Ef. 4:1-5:20; Col. 3:1-17; e outros).

((Relações Interpessoais)).
Muitas das virtudes e vícios discutidos na Bíblia se aplicam não apenas ao caráter individual, mas também às relações entre os indivíduos. Na Lei, muitas páginas são devotadas às relações interpessoais. Os Dez Mandamentos indicam que os direitos de cada pessoa devem ser respeitados. Uma pessoa não deve tirar a vida, a esposa, a propriedade ou o bom nome de outra pessoa — e nem mesmo pensar em praticar tal ato (Êx. 20:13-17).Ambos os Testamentos indicam claramente que todos os homens devem ser tratados com dignidade e respeito, sem acepção de raça, nacionalidade, religião ou condição social. Várias razões são dadas para que se ministre tal tratamento. Todos os homens são criados à imagem de Deus (Gên. 1:26,27). Deus ama todos os homens e providencia tudo para os injustos tanto quanto para os justos (Mat. 5:45), Cristo morreu por todos os homens (Rom. 5:18). Deus não é parcial para com quaisquer pessoas (At. 10:34). A despeito de esforços persistentes para justificar a discriminação racial e a segregação, com suposta base nas Escrituras, nenhuma exegese adequada sustenta essas interpretações. A Bíblia declara que as pessoas necessitadas devem ser cuidadas e que as estruturas sociais danosas para as pessoas devem ser corrigidas. As exigências do amor incluem justiça na ordem social. A lei do Velho Testamento toma providências especiais em relação aos pobres e fracos (Ex. 22:25-27; Lev. 14:21-32; Deut. 15:1-11). Os profetas conclamaram tanto indivíduos quanto nações a cuidar dos pobres, das viúvas, dos órfãos e de outros necessitados. Eles prometeram juízo contra os que não procurassem ministrar justiça ao oprimido (Is. 1:1-31; Am. 5:11,12). Jesus passou muito tempo ministrando aos necessitados; ele se interessava pelo homem em seu todo. Ele alimentou os famintos, consolou os tristes, curou os doentes, restaurou os homens e tratou com o pecado. Ele anunciou o seu ministério, e ofereceu evidências de ser o Messias, em termos de cuidado para com todas as necessidades humanas (Mat. 11: 2-6; Luc. 4:18). Ele indicou que os homens serão julgados pelo fato de terem ou não ministrado a pessoas necessitadas (Mat. 25:31-46). As igrejas primitivas seguiram o padrão de Jesus. Os discípulos de Jesus curaram os doentes, alimentaram os famintos e cuidaram dos pobres. Os escritores do Novo Testamento enfatizaram a necessidade de se levar as cargas uns dos outros (Gál. 6:2), fazer o bem a todos os homens (Gál. 6:10), ajudar os fracos (I Tess. 5:14; Tiago 1:27) e cuidar das pessoas necessitadas (I João 3:17,18).

((Vida Familiar)).
A Bíblia indica que a natureza do casamento é uma união de macho e fêmea (Gên. 2:24). Como tal, o casamento tem sido estabelecido e abençoado por Deus (Gên. 1:27,28; 2:18- 24) e é honroso (Heb. 13:4). As pessoas que têm o dom do celibato podem deixar de se casar, para se dedicarem mais plenamente ao serviço do reino de Deus (Mat. 19:10-12; I Cor. 7:7,25-27). Mas o celibato não é mais agradável a Deus do que o casamento. A união matrimonial deve ser exclusiva (Mat. 19:4-6; I Cor. 7:10). Não deve haver adultério, poligamia ou dependência contínua dos pais. Além disso, a união deve ser vitalícia (I Cor. 7:39). O divórcio, Jesus indicou, não fazia parte do plano original de Deus para o casamento (Mat. 19:3-12). O Novo Testamento provavelmente permite o divórcio e novo casamento no caso de infidelidade sexual ou deserção, da parte de um cônjuge infiel (Mat. 5:31,32; 19:3-12; I Cor. 7:15). Marcos 10:2-12 e Lucas 16:18 não abrem nenhuma possibilidade de divórcio e novo casamento. A Bíblia indica que há um tríplice propósito no casamento. Um deles é propiciar companhia íntima para um homem e uma mulher (Gên. 2:18,22; Mat. 19:4-6). Outro é propiciar uma expressão construtiva para o desejo sexual (I Cor. 7:2-6; Heb. 13:4). A Bíblia considera o sexo como uma dádiva boa, de Deus, que pode propiciar felicidade quando usado da maneira que Deus pretende. A Bíblia indica que as relações sexuais, expressão da união em uma só carne, destinam-se apenas para um homem e uma mulher que estejam casados. Homossexualismo, incesto, bestialidade (sodomia), bem como fornicação e adultério, são proibidos (Êx. 20:14; Lev. 18:6-23; Mat. 5:27- 30; 19:9; Rom. 1:26,27). Um terceiro propósito do casamento é a procriação (Gên. 1:28). Contudo, a Bíblia não indica que a procriação deve ser um aspecto pretendido de cada ato de união sexual (I Cor. 7:1-5). O controle de natalidade, quando praticado por razões dignas, não viola os ensinos bíblicos. Ã luz da explosão populacional, ele pode ser uma obrigação cristã. A Bíblia estabelece diretrizes para as relações familiares. Entre marido e mulher as palavras-chave são: amor, fidelidade, respeito e consideração pelas necessidades um do outro (Ef. 5:21-33; I Cor. 7:1-5). Os filhos devem obedecer e honrar os seus pais (Deut. 5:16; Ef. 6:1-3). Os pais devem amar, disciplinar, nutrir, prover às necessidades físicas e dar instrução religiosa aos seus filhos (Êx. 12:26,27; Col. 3:21; Tito 2:4).

((Economia e Trabalho Diário)).
A Bíblia não contém nenhum padrão definido para um sistema econômico, mas apresenta diretrizes para a atividade econômica. O Velho Testamento estabelece muitas regras a respeito de coisas como a escravidão, colheita, empréstimos e propriedade da terra (Éx. 15:1-18; Lev. 19). A posse privada de propriedades é reconhecida na Bíblia, mas nunca é considerada absoluta (v.g., Lev. 19:9,10; 25:23). A terra e tudo o que nela há pertencem a Deus (Êx. 19:5; Sal. 24:1; Is. 66:2). O homem não deve abusar da terra, que pertence a Deus, nem poluí-la. Deus dá o poder ou capacidade de ganhar riquezas (Deut. 8:17,18); ninguém “se faz” por si próprio. A riqueza deve ser adquirida mediante trabalho honesto, e não por roubo, desonestidade ou táticas opressivas (Prov. 21:6; Mar. 12: 40; Ef. 4:28). Tanto no Velho quanto em o Novo Testamento, reconhece-se que não se deve aproveitar dos pobres, mas, sim, cuidar deles (Jó 31:16-33; Is. 58:7,8; Am. 2:6,7). O Novo Testamento contém várias advertências a respeito do perigo potencial da riqueza. Ela pode ser um obstáculo à entrada no reino de Deus (Mat. 19:23). Ela é enganosa, criando um falso senso de segurança (Luc. 12:16-21). O amor do dinheiro é a raiz de toda sorte de males (I Tim. 6:9,10). Os tesouros materiais não são tão valiosos quanto os espirituais (Mat. 6:17-21). A preocupação com as possessões materiais pode sufocar o crescimento espiritual (Mat. 13:22); portanto, os homens não devem ficar ansiosos a respeito das coisas materiais (Mat. 6:24-34). A vida e os ensinamentos de Jesus indicam que as possessões materiais ganhas mediante trabalho honesto devem ser usadas de várias maneiras: para cuidar de si mesmo e da família (Mat. 7:11; 15:1-6), para ajudar os necessitados (Mat. 25), para sustentar líderes religiosos e instituições afins (Mat. 17:24-27; Mar. 12:42) e para pagar os impostos (Mat. 22:15-22). Paulo ensinou que uma pessoa deve trabalhar para ganhar a vida, se possível (I Tess. 4:11; II Tess. 3:10). Se, por alguma razão, uma pessoa for incapaz de trabalhar, deve ser cuidada pelos outros. A renda do trabalho deve ser usada para satisfazer às necessidades da família do trabalhador (I Tim. 5:8), para contribuir para o sustento dos líderes religiosos (I Cor. 9:14), para pagar os impostos (Rom. 13:6,7) e para suprir as necessidades de pessoas que estejam tendo privações especiais (Rom. 12:8,13; II Cor. 8:1-5).

((Estado e Cidadania)).
A Bíblia não apresenta um esboço de uma forma de governo. Ela indica, todavia, algo a respeito da natureza do governo e da responsabilidade dos cidadãos. Ela reconhece o governo como instituição válida. Jesus aceitou o governo, operou dentro de sua estrutura, reconheceu o direito de taxação e submeteu-se à autoridade do Estado (Mat. 17:24,25; 22:15-22). Paulo ensinou que o governo é ordenado por Deus e existe para proteger os retos, punir os malfeitores e propiciar o bem-estar dos cidadãos (Rom. 13:1-7). O direito do Estado, de fazer leis e determinar o seu cumprimento, bem como punir os criminosos, é reconhecido em ambos os Testamentos. A Bíblia indica que os oficiais do governo devem ser homens de caráter íntegro, que desempenharão as funções legítimas do Estado. Eles devem ser honestos, e não devem aceitar propinas (Êx. 23:8). Eles devem temer a Deus, guardar os seus mandamentos (Deut. 17:18-20; Sal. 2:10,11) e reconhecer que o seu poder vem de Deus (João 19:11; Rom. 13). Eles não devem se embriagar (Prov. 31:4,5), agir injustamente ou demonstrar favoritismo (Lev. 19:15; Deut. 16:19). Jesus e os profetas criticaram severamente os líderes governamentais que abusavam de sua posição (II Sam. 12:1-10; Is. 1:23; Am. 5:7,12; Mar. 8:15; Luc. 13:32). De acordo com o Novo Testamento, os crentes devem honrar os oficiais do governo (Rom. 13:7; I Ped. 2:17), pagar impostos (Mat. 22:21), obedecer às leis (Rom. 13:1-7) e orar pelas autoridades (I Tim. 2:1,2). Contudo, não devem submeter-se ao Estado quando fazê-lo for contrário à vontade de Deus (At. 5:29). Guerra e força militar desempenham um grande papel na Bíblia. Embora o ideal de Deus seja a paz (Sal. 46:9; Is. 2:4; 11:1-10), o horror da guerra está realisticamente presente (II Sam. 2:26; Sal. 79:1,2; Jer. 16:4; Is. 1:7,8). Contudo, o Velho Testamento retrata Deus como tendo algumas vezes permitido e até ordenado a guerra (Lev. 26:7,8; Deut. 7:1,2; 20:1-20; II Sam. 22:35; 1 Crôn. 5:22). Deve notar-se que essas guerras, no entanto, eram peculiares; foram as guerras que levaram o povo de Deus a conquistar a terra prometida. Em o Novo Testamento não há ensinamento direto a respeito da guerra. Algumas das ações e dos ensinamentos de Jesus têm sido usados para aprovar a guerra. Ele ensinou que guerras e rumores de guerras persistiriam, mas não indicariam, necessariamente, o seu retorno (Mat. 24:6). Ele aceitou o papel dos militares (Luc. 14:31) e louvou a fé de um deles (Luc. 7:1-9). Outros dos ensinos de Jesus são usados para sustentar o pacifismo. Jesus louvou os pacificadores (Mat. 5:9) e conclamou os seus discípulos a amarem os seus inimigos, a praticarem a não resistência e a fazerem o bem aos que os prejudicassem (Mat. 5:38-48). Ele ensinou que aqueles que tiram da espada perecerão pela espada, e ordenou a Pedro que embainhasse a sua (Mat. 26:52). O Novo Testamento praticamente silencia a respeito de assuntos como revolução, participação cristã em ação política e relações entre Igreja e Estado. A ação política cristã direta, se não fosse em termos de revolução, dificilmente era uma opção existente para os cristãos sob a ditadura romana. Porém pode-se presumir que a cidadania cristã responsável, em uma democracia, requer envolvimento em ação política. A percepção bíblica e a evidência histórica tendem a confirmar a separação como a melhor relação entre Igreja e Estado.

V. Motivação Para a Ação.
A Bíblia estabelece não apenas o que é correto para os homens, mas também por que eles devem agir retamente. As Escrituras contêm apelos e encorajamento para uma vida moral, bem como sugestões a respeito de como se apropriar da ajuda que está disponível.

((Apelos)).
Grandes partes dos apelos que se fazem, na Bíblia, em favor de uma conduta ética estão centralizados em a natureza e nos atos de Deus. Glorificar a Deus por causa do que ele é e por causa do que ele tem feito é um apelo bíblico constante, frequente (Rom. 15:6,9;I Cor. 6:20; II Cor. 9:13).
No Velho Testamento, a razão muitas vezes apresentada para se seguir os mandamentos é que Deus é o Senhor (Lev. 19:1-37).Em outros casos, são feitos apelos com base na graça de Deus — o seu amor imerecido e seu cuidado pelo seu povo.
Um tema comum do Novo Testamento é que os crentes devem obedecer a Deus por causa do que ele fez por eles (Rom. 12:1,2; I Cor. 6:20; Gál. 5:1; Ef. 3:20,21; Col. 3:1-17; I João 3:1-10).
Por exemplo, eles devem amar-se uns aos outros porque em primeiro lugar Deus os amou (Ef. 5:2; I João 4:11, 19), e perdoar uns aos outros porque Deus em Cristo os perdoou (Ef. 4:32).Os atos de amor executados por Deus são mais frequentemente descritos em relação a Cristo: a sua vida, sacrifício e expressões concretas de amor. Jesus ordenou especificamente aos seus discípulos que se amassem uns aos outros como ele os amara (João 15:12). Os escritores do Novo Testamento apelaram em favor de uma ação com base nas ações de Cristo:
Porque Jesus se sacrificou, devemos estar dispostos a nos sacrificarmos (I Ped. 4:12, 19).
Por causa da generosidade de Jesus, devemos ser generosos (II Cor. 8:1-9).De forma semelhante, os crentes devem conduzir-se de forma a serem dignos do evangelho (Fil. 1:27). Por causa das bênçãos que eles receberam em Cristo, eles devem estar dispostos a segui-lo (Fil. 3:8-11).
Um apelo correlato é viver de maneira piedosa de forma a dar testemunho e provar que são falsas as declarações difamadoras dos incrédulos (I Ped. 2:15; 3:1-3). Outros motivos para a conduta cristã se apresentam em um nível diferente. Em vez de apelos em favor de uma vida piedosa com base na gratidão pelo que Deus fez, eles se fazem com base no que Deus pode fazer. Por exemplo, recomenda-se que os homens vivam de acordo com os padrões de Deus, de forma que as suas orações sejam respondidas (II Crôn. 7:14; Tiago 5:16). O Novo Testamento frequentemente declara que a conduta reta propicia recompensa e que as más ações resultam em sofrimento e castigo (Mat. 25:31-46). O Velho Testamento contém várias passagens vívidas, retratando a recompensa da obediência e o castigo da desobediência (Lev. 26:14-39; Is. 1:1-31). Em o Novo Testamento, o juízo final, o Dia do Senhor e a segunda vinda de Cristo, são discutidos em termos de ação ética(Mat. 25:31-46; I Tess. 5:2- 11; I Ped. 4:7-11; Apoc. 2:5-7).

((Capacitação)).
Como podem as pessoas encontrar poder para vencer a tentação, viver de acordo com os padrões de Deus e fazer a vontade de Deus? O Novo Testamento insiste que só em Cristo os homens podem esperar encontrar tal força. A vida cristã não é tanto imposta de fora quanto expressa de dentro para fora. O Cristo vivo habita com o crente, para guiá-lo e fortalecê-lo (Gál. 2:20; Fil. 4:13). Como disse T. W. Manson: “O Cristo vivo ainda tem duas mãos: uma, para indicar o caminho, e a outra, estendida para nos ajudar” (p. 68). Os crentes podem aproveitar-se do poder de Deus, do Cristo vivo e do Espírito, que neles habita, através do culto, oração e comunhão cristã (Rom. 15:16; Gál. 2:20; 5:16 6:5; Ef. 4:11-16; Col. 1:9-14; 3:16,17; 4:2-4). Quando os crentes resistem à tentação e se aproximam de Deus, ele se aproxima deles (Tiago 4:7,8). Que acontece se uma pessoa não consegue viver segundo os padrões bíblicos? Para o incrédulo, a resposta é sair de seu pecado e andar pelo caminho de Deus pela fé em Cristo. Para o crente, a resposta é confissão a Deus, aceitação do perdão e um esforço renovado, com a ajuda de Deus. A resposta da Bíblia para a falha do discípulo não significa que os fracassos devem ser considerados levianamente. O efeito de se negligenciar os padrões de Deus continua mesmo depois que tiveram lugar confissão e perdão. Mas o crente não deve ficar excessivamente preocupado com o pecado do passado. Ele deve avançar para novas realizações, com Deus, em Cristo.

VI Conclusão
A natureza da ética bíblica requer mente aberta e obediência. A Bíblia fala com autoridade a respeito de problemas éticos. No entanto, os crentes devotos divergem a respeito do que a Bíblia ensina acerca de assuntos como aborto, controle de natalidade, pena de morte e guerra. Existem diferenças primordialmente porque as ênfases éticas da Bíblia são interpretadas e aplicadas por homens falhos. Cada um de nós deve estar aberto para receber iluminação dos outros, ao tentar conseguir o seu próprio entendimento da ética na Bíblia. A pessoa que realmente crê na Bíblia a aplicará em todas as áreas de sua vida: no trabalho, família, recreação e política, bem como na atividade relacionada com a igreja. O fracasso em cuidar dos pobres, ministrar aos prisioneiros e alimentar os famintos indica falta de dedicação à revelação bíblica. A pessoa que negligencia a sua família, faz discriminação contra pessoas por motivo de raça ou se nega ao pagamento de impostos de maneira óbvia certamente não leva a Bíblia a sério. Os ensinos éticos da Bíblia exigem obediência, tanto quanto estudo. O crente não deve apenas crer na verdade da Palavra de Deus, mas também colocá-la em prática.

William M. Pinson, Jr.
Extraído do comentário Bíblico Broadman


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