Há boa evidência bíblica de que Deus não apenas sofreu em
Cristo, mas que também ele em Cristo ainda sofre com o seu povo. Não
está escrito a respeito de Deus, que durante os primeiros dias do amargo
cativeiro de Israel no Egito, ele não apenas viu a sua miséria, e ouviu o seu
gemido, mas também "em toda a angústia deles foi ele angustiado"?
Não perguntou Jesus a Saulo de Tarso por que o perseguia, revelando assim
solidariedade com a sua igreja? É maravilhoso que possamos partilhar dos
sofrimentos de Cristo; é mais maravilhoso ainda que ele partilhe dos nossos.
Verdadeiramente seu nome é "Emanuel", "Deus conosco". Mas
sua "compaixão" não se limita ao sofrimento com o povo da aliança.
Não disse Jesus que, ao ministrarmos aos famintos e aos sedentos, aos
estrangeiros, aos nus, aos enfermos e aos presos, estaríamos ministrando a ele,
indicando que ele se identificava com todas as pessoas necessitadas e
sofredoras?
Eu mesmo jamais poderia crer em Deus, se não fosse pela cruz.
O único Deus em que creio é o que Nietzsche ridicularizou como o "Deus da cruz".
No mundo real da dor, como se pode adorar um Deus que seja imune a ela? Já
entrei em muitos templos budistas em diferentes países da Ásia e parei
respeitosamente ante a estátua de Buda, as pernas e os braços cruzados, os
olhos fechados, o fantasma de um sorriso a brincar em torno dos lábios, um
olhar distante, isolado das agonias do mundo. Mas cada vez, depois de algum
tempo, tive de me virar. E, na imaginação, voltei-me para aquela figura
solitária, retorcida e torturada na cruz, os cravos atravessando as mãos e os
pés, as costas laceradas, os membros deslocados, a fronte sangrando por causa
dos espinhos, a boca intoleravelmente sedenta, lançada nas trevas do abandono
de Deus. É esse o Deus para mim! Ele deixou de lado a sua imunidade à dor. Ele
entrou em nosso mundo de carne e sangue, lágrimas e morte. Ele sofreu por nós.
Nossos sofrimentos tornam-se mais manejáveis à luz dos seus. Ainda há um ponto
de interrogação contra o sofrimento humano, mas em cima dele podemos estampar
outra marca, a cruz, que simboliza o sofrimento divino. "A cruz de
Cristo. . . é a única autojustificação de Deus em um mundo como o nosso."
"O
Longo Silêncio"
No fim dos tempos,
bilhões de pessoas estavam espalhadas numa grande planície perante o trono de
Deus.
A maioria fugia da luz brilhante que se lhes apresentava pela
frente. Mas alguns grupos falavam animadamente — não com vergonha abjeta, mas
com beligerância.
"Pode Deus julgar-nos? Como pode ele saber acerca do
sofrimento?" perguntou uma impertinente jovem de cabelos negros. Ela rasgou
a manga da blusa e mostrou um número que lhe fora tatuado num acampamento de
concentração nazista. "Nós suportamos terror. . . espancamentos. . .
tortura. . . morte!"
Em outro grupo um rapaz negro abaixou o colarinho. "E
que dizer disto?" exigiu ele, mostrando uma horrível queimadura de corda.
"Linchado. . . pelo único crime de ser preto!"
Em outra multidão, uma colegial grávida, de olhos malcriados.
"Por que devo sofrer?", murmurou ela. "Não foi culpa
minha."
Por toda a planície havia centenas de grupos como esses. Cada
um deles tinha uma reclamação contra Deus por causa do mal e do sofrimento que
ele havia permitido no seu mundo. Quão feliz era Deus por viver no céu onde
tudo era doçura e luz, onde não havia choro nem medo, nem fome nem ódio. O que
sabia Deus acerca de tudo o que o homem fora forçado a suportar neste mundo?
Pois Deus leva uma vida muito protegida, diziam.
De modo que cada um desses grupos enviou o seu líder,
escolhido por ter sido o que mais sofreu. Um judeu, um negro, uma pessoa de
Hiroshirna, um artrítico horrivelmente deformado, uma criança talidomídica. No
centro da planície tomaram conselho uns com os outros. Finalmente estavam
prontos para apresentar o seu caso.
Antes que pudesse qualificar-se para ser juiz deles, Deus
deve suportar o que suportaram. A decisão deles foi que Deus devia ser
sentenciado a viver na terra -como homem!
"Que ele nasça judeu. Que haja dúvida acerca da legitimidade
de seu nascimento. Dê-se-lhe um trabalho tão difícil que, ao tentar realizá-lo,
até mesmo a sua família pensará que ele está louco. Que ele seja traído por
seus amigos mais íntimos. Que ele enfrente acusações falsas, seja julgado por
um júri preconceituoso, e condenado por um juiz covarde. Que ele seja
torturado.
"Finalmente, que ele conheça o terrível sentimento de
estar sozinho. Então que ele morra. Que ele morra de tal forma que não haja
dúvida de que morreu. Que haja uma grande multidão de testemunhas que o
comprove."
E quando o último acabou de pronunciar a sentença, houve um
longo silêncio. Ninguém proferiu palavras. Ninguém se moveu. Pois, de súbito,
todos sabiam que Deus já havia cumprido a sua sentença.
Verdadeiramente Cristo é o único Deus que pode entender o sofrimento humano sendo solidário para com todo e qualque sofredor , e mais do que isso, só ele pode oferecer alivio, socorro solução para nossas angustias, pois ele VIVEU ENTRE NÓS, JÁ FEZ A VIAGEM DA EXISTENCIA TERRENA E PODE NOS CONDUZIR, PELO MELHOR CAMINHO, ELE PRÓPRIO.
Verdadeiramente Cristo é o único Deus que pode entender o sofrimento humano sendo solidário para com todo e qualque sofredor , e mais do que isso, só ele pode oferecer alivio, socorro solução para nossas angustias, pois ele VIVEU ENTRE NÓS, JÁ FEZ A VIAGEM DA EXISTENCIA TERRENA E PODE NOS CONDUZIR, PELO MELHOR CAMINHO, ELE PRÓPRIO.
Trecho do livro : A Cruz de Cristo, John R. W. Sttot
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