segunda-feira, 2 de junho de 2014

Tema:

DEVERES, FINALIDADES E PERIGOS Hebreus 12:12-17

DEVERES, FINALIDADES E PERIGOS Hebreus 12:12-17

Com esta passagem o autor chega aos problemas diários da vida cristã. Sabia que algumas vezes o homem pode alçar vôo como águia e correr sem cansaço seguindo o ímpeto do esforço; mas sabia também que o mais difícil é caminhar diariamente sem desfalecer. Nesta passagem pensa no viver diário e na luta da vida cristã.

(1) Começa lembrando os cristãos de seus deveres. Em toda congregação e em toda sociedade cristã há membros fracos e propensos a extraviar-se e a deixar-se arrastar e abandonar a luta. É dever dos mais fortes injetar vida e vigor nos que estão a ponto de claudicar na batalha.
Devem inspirar fortaleza em suas mãos abatidas e nova força em seus pés desfalecentes. A frase que se usa para mãos descaídas é a mesma que se aplica aos filhos de Israel quando desejavam abandonar os rigores da viagem através do deserto e retornar ao bem-estar e às panelas de carne do Egito. As Odes de Salomão 6:14 ss têm uma descrição dos que são servos e ministros fiéis: "Eles suavizaram os lábios secos, à vontade que desfalecia infundiram vigor... e aos membros prostrados endireitaram e ergueram."
Uma das maiores glórias da vida é saber dar ânimo ao homem que está à beira do desespero e fortaleza ao que desfalece. Para ajudá-lo nisto devemos endireitar seu caminho. O cristão tem o duplo dever para com Deus e para com seu próximo.
O Testemunho de Simeão 5:2-3 tem uma luminosa descrição do dever de um homem bom: "Que seu coração seja bom à vista do Senhor; que seu caminho seja reto à vista dos homens; desta maneira encontrará favor diante Deus e dos homens". O homem deve apresentar a Deus um  coração limpo e aos homens uma vida íntegra. O cristão tem o dever de mostrar ao homem o caminho reto por aquele que tem que caminhar, de encaminhá-lo pelo bom exemplo pessoal, de remover do atalho da vida o que o faria tropeçar e de tornar a viagem mais fácil a seus pés vacilantes e atrasados. O homem deve oferecer seu coração a Deus e seu serviço e seu exemplo ao próximo.

(2) Em segundo lugar, o autor refere-se às finalidades que o cristão sempre deve ter perante si.

(a) Deve ter em vista a paz. No pensamento e na linguagem hebraicas a paz não era algo negativo, mas algo positivo por excelência; não era simplesmente estar livres de dificuldades. Abrangia duas coisas.
Em primeiro lugar, era tudo aquilo que tinha que ver com o bem supremo do homem; e significava o maior bem-estar que alguém podia desfrutar. Era aquilo que fazia com que o homem alcançasse seu topo mais alto. Segundo os judeus, esse bem-estar supremo e esse sumo bem encontravam se na obediência a Deus O autor de Provérbios (3:1) diz: “Filho meu, não te esqueças dos meus ensinos, e o teu coração guarde os meus mandamentos; porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz.”. O cristão deve ter em vista essa obediência total a Deus em que a vida encontra sua maior felicidade, seu maior bem, sua perfeita consumação, sua paz.

Em segundo lugar, paz significa relações justas entre os homens; um estado em que se proscreve o ódio e em que cada um não busca senão o bem de seu próximo; significa o vínculo de amor, perdão e serviço que devesse unir aos homens entre si. O autor de Hebreus diz: "Busquem viver unidos assim como os cristãos devem viver: na unidade real que provém da vida em Cristo". A paz que se tem que buscar é a que provém da obediência à vontade de Deus, a que eleva a vida do homem a sua realização mais alta e a que o capacita para viver com seu próximo e estabelecer uma relação justa com ele.
Deve-se notar uma coisa mais: esta classe de paz tem que ser nossa finalidade; tem que ser perseguida. Esta paz requer um esforço; é o produto do esforço, a disciplina e o empenho e o suor mental e espiritual.
Os dons de Deus são dados, mas não dados de presente; devem ser ganhos, pois só podem-se receber aceitando as condições que Deus põe — e a condição suprema é a obediência a ele.

(b) Deve apontar à santidade (hagiasmos). Hagiasmos tem a mesma raiz que o adjetivo hagios ordinariamente traduzido por santo. A raiz da palavra índica sempre diferença e separação. Ainda que viva no mundo, o homem hagios deve ser sempre, em certo sentido, diferente do mundo e estar separado dele. Suas normas e sua conduta não são as do mundo.
Seu ideal é diferente; sua recompensa é diferente; sua finalidade é diferente. Sua finalidade não é estar bem com os homens mas com Deus.
Hagiasmos (santidade) como o expressa finalmente Westcott, é: "a preparação para a presença de Deus". A vida do cristão está dominada e dirigida pela lembrança constante de que seu maior propósito é entrar na presença de Deus.

(3) O autor passa agora a assinalar os perigos que ameaçam a vida cristã.

(a) Existe o perigo de perder a graça de Deus, ou como se traduz na Nova Versão Internacional: excluir-se da graça de Deus. O antigo comentarista grego Teofilacto, interpreta isto em termos de uma viagem de um grupo de pessoas. De vez em quando devem fazer chamada e perguntar: '"Alguém caiu? Alguém se demorou à beira do caminho?
Alguém atrasou enquanto outros se adiantaram?".
Em Miquéias 4:6 (Reina-Valera Revisada 1995) há um texto gráfico: "Reunirei as extraviadas". É fácil desencaminhar-se, atrasar-se, ir à deriva em vez de adiantar-se, e perder assim a graça de Deus. Não há nesta vida oportunidade que não possa ser desperdiçada. A graça de
Deus nos traz a oportunidade de fazer de nós mesmos e de nossas vidas o que têm que ser. Um homem, em sua letargia, sua negligência, sua  inconsciência e demora pode perder as oportunidades que a graça lhe oferece. Contra isto devemos estar sempre alerta.

(b) Devemos estar alerta ao que o texto chama “alguma raiz de amargura”. A frase provém de Deuteronômio 29:18, onde descreve ao que vai atrás de deuses estranhos, anima a outros a operar desta maneira e se transforma assim num fator pernicioso e mortífero na vida da comunidade. O autor adverte contra aqueles que têm uma influência corruptora. Sempre há aqueles que pensam que as normas cristãs são desnecessariamente estritas e meticulosas; os que nunca vêem por que não devam envolver-se nas coisas que o mundo chama êxito e prazer; os que estariam bem contentamentos adotando as normas do mundo para a vida e a conduta. Isto era particularmente assim na Igreja primitiva. A Igreja era uma pequena ilha de cristianismo rodeada por um mar de paganismo; seus membros estavam apartados no máximo por uma geração. Era fatalmente fácil recair nas antigas normas. Trata-se de uma advertência contra qualquer influência que pudesse fazer com que o cristão pensasse mais no mundo e menos em Deus. É uma admoestação contra o contágio do mundo, algumas vezes deliberado, outras inconsciente, difundido na sociedade cristã.

(c) O cristão tem que estar alerta contra toda queda na imoralidade ou recaída numa vida ímpia. Ímpio em grego é bebelos que tem todo um fundo luminoso. usava-se para a terra profana em contraposição à consagrada. O mundo antigo tinha suas religiões nas quais só o iniciado podia participar. Bebelos se usava para a pessoa não iniciada e desinteressada em contraposição ao homem devoto. Aplicava-se a homens tais como Antíoco Epifânio, que estavam empenhados em eliminar toda religião verdadeira e aos judeus renegados e apóstatas e que tinham abandonado a Deus.
Westcott resume o alcance desta palavra dizendo que descreve o homem cuja mente não reconhece nada superior ao mundo; para quem não existe nada sagrado; que não guarda nenhum respeito para com o invisível. Uma vida ímpia é uma vida sem nenhuma consciência de Deus  ou interesse nEle; que em seus pensamentos, suas intenções, seus prazeres e suas normas está completamente atada à terra. Devemos tomar cuidado de não ser arrastados a uma estrutura mental e emotiva que não tem nenhum horizonte para além deste mundo; este caminho leva inevitavelmente ao fracasso da castidade e na perda da honra.
Para resumir tudo o autor de Hebreus cita o exemplo do Esaú. Em realidade junta duas histórias: a de Gênesis 25:28-34 e a de Gênesis 27:1-39. Na primeira Esaú vem do campo com um homem voraz, para vender seu direito de primogenitura a Jacó e participar assim na comida que este preparava. A segunda narra como Jacó despojou sutilmente a
Esaú de seu direito de primogenitura personificando-o perante Isaque velho e cego, e ganhando assim a bênção e o direito de primogenitura que pertenciam a Esaú como o maior dos dois. Quando Esaú buscou a bênção que Jacó tinha obtido astutamente, levantou sua voz e chorou (Gênesis 27:38). Mas há algo mais que salta à primeira vista. Nas lendas hebraicas e nas elaborações rabínicas, Esaú chegou a ser considerado como o tipo do homem inteiramente sensual, que em primeiro lugar tem em conta as necessidades de seu corpo, que dá preeminência aos prazeres imediatos e às paixões, que vende o direito de primogenitura para encher o estômago.
A lenda hebraica diz que antes de nascerem Jacó e Esaú (eram gêmeos) e enquanto ainda estavam no seio de sua mãe, Jacó disse a Esaú: "Irmão meu, há dois mundos diante de nós: este mundo e aquele que há que vir. Neste mundo os homens comem, bebem, negociam, casam-se e engendram filhos e filhas; mas tudo isto não tem lugar no mundo futuro. Se quiser, escolhe este mundo que eu escolherei o outro".
E Esaú ficou muito contente de poder escolher este mundo, porque não cria no outro. No mesmo dia em que Jacó ganhou por seu subterfúgio a bênção de Isaque, Esaú segundo a lenda, já tinha cometido cinco pecados: "tinha rendido um culto estranho, tinha derramado sangue inocente, tinha açoitado a uma jovem comprometida, tinha negado a vida do mundo vindouro, e tinha desprezado seu direito de primogenitura".
A interpretação hebréia considerava o Esaú como o homem do corpo, o homem sensual, o homem que não encontra prazeres mais além dos deste mundo. Todo homem deste tipo vende seu direito de primogenitura e esbanja seu patrimônio desprezando a eternidade.
O autor de nossa Carta diz que Esaú não teve oportunidade para o arrependimento. Usa-se a palavra metanoia que literalmente significa mudança de mente. É melhor dizer que a Esaú foi impossível a mudança de mente. Não é que se achasse proscrito para sempre do perdão de
Deus; é algo muito mais simples. É o triste fato de que há certas opções que não podem desfazer-se e certas conseqüências que nem sequer Deus pode evitar. Para aduzir um exemplo simples: se um jovem perder sua pureza ou uma jovem sua virgindade, não há nada que possa restituir o estado anterior. A escolha foi feita e subsiste. Deus pode e quer perdoar, mas Deus mesmo não pode fazer com que o relógio do tempo volte atrás para suprimir a escolha e eliminar as consequências. Lembremos que a vida tem certa finalidade. Se como Esaú seguimos o caminho do mundo, nosso bem último serão as coisas sensuais e corporais; se escolhemos os prazeres do tempo, preferindo-os às alegrias da eternidade, Deus pode e quer ainda perdoar, mas sucedeu algo que não pode ser desfeito. Há certas coisas nas quais o homem não pode mudar de mente; seu desejo de mudança sobreveio muito tarde; deve permanecer para sempre na escolha que fez.


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