3. A BASE
PARA A SEGURANÇA ESPIRITUAL (Hb 6:13-20)
A fim de evitar que alguém
interpretasse incorretamente sua exortação a maturidade espiritual, o autor
termina esta seção com um argumento momentoso em favor da certeza da salvação.
Nenhum cristão faz o progresso espiritual que deveria, mas jamais precisara
temer a condenação de Deus. O autor apresenta três argumentos em favor
da
certeza da salvação para cristãos
autênticos.
a) A promessa de Deus (vv. 13-15).
A
promessa principal de Deus para a Abraão encontra- se registrada em Gênesis 22:16, 17. Apesar das falhas e pecados de Abraão, Deus cumpriu sua promessa, e Isaque
nasceu. Muitas promessas de Deus não dependem de nosso caráter, mas sim da
fidelidade do Senhor. A expressão "esperar com paciência" (Hb
6:15) e exatamente o oposto de "indolentes" (Hb 6:12). Os
leitores desta epístola
estavam prestes a
desistir; sua paciência começava a esgotar-se (ver Hb 12:1, 2).
Assim, o autor diz: "Vocês
receberão e desfrutarão aquilo que Deus prometeu se vocês se dedicarem
diligentemente ao desenvolvimento da sua vida espiritual".
Hoje, nós, cristãos,
temos mais promessas do que Abraão! O que nos impede de
progredir
espiritualmente? Não nos esforçamos pela fé. Voltando a ilustração da lavoura, se
o lavrador ficar sentado em sua varanda olhando para as sementes, não terá o
que colher. Deve por mãos a obra: arar, plantar, cultivar e, por vezes, regar o
solo. O cristão que negligenciar a comunhão na igreja, ignorar a Bíblia e se
esquecer de orar não terá uma colheita abundante.
b) O juramento de Deus (w. 16-18).
Deus não apenas fez uma
promessa a Abraão, mas também a confirmou com um juramento. Quando uma
testemunha faz um juramento em um tribunal, declara que dirá a verdade "com
a ajuda de Deus". Invocamos o maior como testemunha para o menor. Ninguém
e maior do que Deus, de modo que ele jurou por si mesmo! Mas Deus não fez isso
apenas por Abraão. Também fez sua promessa e juramento "aos herdeiros da
promessa" (Hb 6:17). Abraão e seus descendentes foram os primeiros
a herdar a promessa (ver Hb 11:9), mas todos os cristãos são incluídos nela,
pois são "descendentes de Abraão" (Gl 3:29). Assim, nossa certeza
da salvação e garantida pela promessa e pelo juramento de Deus, "duas
coisas imutáveis" (Hb 6:18). Temos o "forte alento"
(ou "grande encorajamento") com respeito a esperança colocada
diante de nos! Hebreus e uma epístola de animo, não de desanimo! A expressão
"corremos
para o refugio" (Hb 6:18) lembra as "cidades de refugio"
do Antigo Testamento descritas em Números 35:9ss e Josué 20. Deus estipulou
seis cidades - três em cada lado do rio Jordão – para as quais um homem podia
fugir se matasse alguém acidentalmente. Os anciãos da cidade investigavam o
ocorrido. Caso determinassem que se tratava, de fato, de homicídio culposo (não
intencional), permitiam que o homem ficasse na cidade até a morte do sumo
sacerdote. Depois disso, o refugiado estaria livre para voltar para casa.
Enquanto permanecesse na cidade de refugio, os parentes do morto não poderiam
vingar-se. Fugimos para Jesus Cristo, e ele e o nosso refugio eterno. Como
nosso Sumo Sacerdote, ele vive para sempre (Hb 7:23-25), e temos
salvação eterna. Nenhum vingador pode nos tocar, pois Cristo já morreu e
ressuscitou
dentre os mortos.
c) O Filho de Deus (w. 19, 20).
Nossa esperança em
Cristo é como uma ancora para a alma. A ancora era um símbolo bastante usado na
Igreja primitiva. Foram encontradas pelo menos 66 figuras de ancoras nas catacumbas.
O filosofo grego estoico Epíteto escreveu: "Não se deve prender o navio a uma
só ancora nem a vida a uma só esperança".
Mas os cristãos tem
somente uma ancora: Jesus Cristo, nossa esperança (Cl 1:5;
1 Tm 1:1). Todavia, essa
ancora espiritual e diferente das ancoras de navios.
Em primeiro lugar, estamos ancorados a algo acima
- ao céu - não abaixo. Não estamos ancorados para permanecer imóveis, mas sim
para avançar! Nossa ancora é "segura" - não pode
quebrar - é "firme" - não pode resvalar. Nenhuma
ancora aqui da Terra
pode oferecer tal segurança!
Em seguida, o
autor declara seu argumento: este Salvador e nosso "precursor"
que foi
adiante de nos para o céu, de modo que, um dia, possamos segui-lo (Hb
6:20). O sumo sacerdote do Antigo Testamento não era um "precursor",
pois ninguém seria capaz de segui-lo e adentrar o Santo dos Santos. Mas a Jesus
Cristo poderemos seguir ate o céu! H. A. Ironside sugeriu que as duas frases "alem
do véu" (Hb 6:19) e "fora do arraial" (Hb 13:13)
resumem a Epístola aos Hebreus. Jesus Cristo esta "alem do véu" como nosso Sumo Sacerdote. Assim, podemos nos
achegar confiadamente a seu trono e receber a ajuda de que precisamos. No
entanto, não devemos ser "santos secretos". Devemos
estar dispostos a nos identificar com Cristo em sua rejeição e a ir para
"fora do arraial, levando o seu vitupério" (Hb 13:13). Os cristãos hebreus
que receberam esta carta estavam sendo tentados a fazer concessões indevidas em
sua fé para evitar tal vitupério. Todavia, se vivermos "alem do véu", não
teremos dificuldade em ir para "fora do arraial". Qualquer
que seja a forma escolhida para abordar a exortação desta seção, é essencial certificar-se
de compreender sua lição central: nos, cristãos, devemos progredir em maturidade,
e Deus oferece tudo de que precisamos para fazê-lo. Se começarmos a nos desviar
da Palavra (Hb 2:1-4), também passaremos a duvidar da Palavra
(Hb 3:7 - 4:13). E, em pouco tempo, nos tornaremos cristãos preguiçosos, tardios
para a Palavra (Hb 5:11 - 6:20). A melhor maneira de não sair do rumo e
apegar-se firmemente a ancora ! Ancorados no céu! Impossível estar mais seguros
do que isso.
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