sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Tema:

O SUMO SACERDOTE PERFEITO- Hebreus 4.14-16

O SUMO SACERDOTE PERFEITO
Hebreus 4:14-16

Aqui nos aproximamos mais da grande concepção típica do autor de
Hebreus — a de Jesus como perfeito sumo sacerdote. Para cumprir
perfeitamente sua função o sumo sacerdote devia estar plenamente em
contato com os homens e com Deus. Sua tarefa consiste em levar a voz e
a presença de Deus aos homens, e introduzir os homens à própria
presença divina. O sumo sacerdote devia conhecer perfeitamente o
homem e a Deus. Isto é o que esta Carta reclama para Jesus.

(1) Em primeiro termo esta passagem começa sublinhando a
grandeza infinita e a divindade absoluta de Jesus. É grande por natureza,
não em virtude dos honras que os homens lhe conferem ou das
aparências externas. É grande por direito próprio e em seu ser essencial.
Ele penetrou os céus. Isto pode significar uma de duas coisas. No Novo
Testamento advertimos diferentes usos do substantivo céu; pode
significar o firmamento estrelado; o céu dos anjos, e o supremo céu; o
céu da presença de Deus. Isto poderia significar que Jesus passou através
de todos os céus que possam existir e está na própria presença de Deus.
Poderia ser o que quis dizer Cristina Rossetti: "Os céus não podem
contê-lo." Poderia significar que Jesus é tão maravilhoso e grande que
até o próprio céu é muito pequeno para Ele. Ninguém pôs jamais maior
ênfase na infinita grandeza de Jesus que o autor de Hebreus.

(2) Mas agora se volta do outro lado. Ninguém esteve nunca mais
convencido da identidade completa de Jesus com os homens. Ele
suportou tudo o que um homem tem que suportar. Passou por todas as
experiências humanas. É em tudo semelhante a nós — exceto em que de
tudo isso emergiu sem pecado. Agora, antes de examinar mais de perto o
valioso conteúdo desta afirmação devemos perceber algo. O fato de que
Jesus fosse sem pecado significa necessariamente que conheceu abismos,
tensões, assaltos e tentações que nós jamais conhecemos nem
chegaremos a conhecer. Sua luta, longe de ser mais fácil, foi
extremamente difícil. Qual é a razão? Nós cedemos à tentação antes que
o tentador use todo seu poder; somos facilmente derrotados e jamais
experimentamos a tentação em toda sua força e em seu embate mais
terrível, porque nos desabamos muito antes de alcançar essa etapa. Mas
Jesus foi tentado como nós — e muito mais além do que nós. Em seu
caso o tentador usou todos os seus recursos, mas Jesus se manteve
incomovível.
Pensemos na dor. O organismo humano pode suportar certo grau de
dor — mas quando se alcança esse ponto a pessoa desfalece e perde o
sentido; chegou ao limite. Há agonias de sofrimento que não conhece
devido ao fato de que sobreveio o colapso. O mesmo ocorre com a
tentação. Sofremos um colapso perante a tentação. Mas Jesus sofreu
tentações muito maiores que as nossas, sem desmaiar. Verdadeiramente,
pois, foi tentado em tudo como nós o somos, e também é verdade que
jamais ninguém foi tentado como Ele.

(3) Esta experiência de Jesus teve três efeitos.

(a) Deu-lhe o dom da simpatia. Aqui há algo que devemos
entender, mas nos resulta difícil. A idéia cristã de Deus como um pai
amante está entretecida na malha mesmo de nossa mente e coração; mas
era uma idéia nova. Para o judeu Deus era santo. A palavra santo tinha o
significado de diferente; a idéia fundamental de Deus é que era diferente,
que pertencia a uma esfera da vida e do ser completamente diferente da
que é a nossa; que não participava de nenhum sentido de nossa
experiência humana. De fato era incapaz de tomar parte nela porque era
Deus. Isto se acentuava ainda mais no pensamento grego. Os estóicos, os
pensadores gregos de mais vôo, diziam que o atributo primário de Deus
era a apatheia entendendo por isso a incapacidade essencial de sentir
algo. Argumentavam que se uma pessoa pode sentir tristeza ou alegria
isso se deve a que alguma outra pessoa pode influir nela; pode fazê-la
feliz ou alegre; pode afetá-la.
Agora, se pode afetá-la significa que ao menos nesse momento essa
pessoa é superior à afetada. Os gregos sustentavam pois, que ninguém
podia fazer nada a Deus; ninguém podia afetá-lo de algum modo;
ninguém podia ser maior que Deus. Portanto Deus devia ser completa e
essencialmente incapaz de sentir alegria ou tristeza, felicidade ou
tristeza. Os estóicos sustentavam que a própria essência do ser e natureza
divinos consistiam em que Deus estava mais além de todo sentimento.
Outra escola importante estava formada pelos epicureus que afirmavam
que os deuses viviam em perfeita felicidade e bem-aventurança. Viviam
no que denominavam os intermúndio: os espaços entre os mundos. E ali
em completo afastamento nem sequer eram conscientes do mundo.
Os judeus tinham seu Deus diferente, os estóicos os deuses sem
sentimento, os epicureus os deuses completamente separados. E neste
mundo de pensamento se introduz a religião cristã com a concepção
incrível de um Deus que deliberadamente suportou toda a experiência
humana. Plutarco, um dos gregos mais religiosos, declarava que era
blasfemo envolver a Deus nos assuntos deste mundo e o cristianismo
veio com a surpreendente concepção de um Deus que não só está
envolto, mas também identificado com o sofrimento deste mundo. É-nos
quase impossível ter uma idéia da revolução que o cristianismo provocou
nas relações do homem com Deus. Durante séculos se acariciou a idéia
de um Deus intocável; agora se descobre a um Deus que se submete a
tudo o que os homens devem submeter-se.

(b) Agora; isto conduz a dois resultados. Confere a Deus a
qualidade da misericórdia. É fácil ver por quê: porque Deus entende.
Alguns viveram uma vida protegida de todo ímpeto de tormenta; outros
uma vida fácil sem as tentações que acossam àqueles para quem a vida
não foi tão fácil; outros têm um temperamento e uma natureza fáceis de
dominar; outros têm o coração ou as paixões ardentes, que fazem com
que para eles a vida seja perigosa. O homem que vive protegido é de
uma natureza não inflamável dificilmente entende por que os outros
caem; sente-se vagamente aborrecido e contrariado; não pode senão
condenar o que não é capaz de entender. Mas Deus conhece tudo.
"Conhecer tudo é perdoar tudo": de ninguém é isto mais verdade que de
John Foster narra em um de seus livros como certo dia ao voltar
para casa encontrou a sua filha desfeita em lágrimas frente à rádio.
Perguntou-lhe por quê. Soube que o informativo desse dia continha a
oração: "Os tanques japoneses entraram hoje em Cantão". A maioria das
pessoas terão ouvido esta notícia sem o mais mínimo sentimento de
condolência. Os estadistas talvez a terão escutado com um sentimento de
lúgubre pressentimento. Para a grande maioria terá sido indiferente. Por
que, então, a filha do John Foster se desfazia em lágrimas? Porque
justamente tinha nascido em Cantão. Para ela Cantão significava uma
casa, uma ama, uma escola, uns amigos e um lugar muito querido. A
diferença consistia em que ela tinha estado ali.
O ter estado ali faz toda a diferença. E não há nenhum âmbito da
experiência humana do qual Deus não possa dizer: "Eu estive ali".
Quando temos uma história triste e lamentável que contar, quando a vida
nos empapa nas lágrimas do sofrimento, não dirigimos a um Deus que
seja absolutamente incapaz de entender o que nos aconteceu; vamos a
um Deus que "esteve ali". Esta é a razão por que — se podemos
expressar desta maneira — para Deus é fácil perdoar.

(c) Torna Deus capaz de ajudar. Ele conhece nossos problemas
porque passou por eles. A pessoa melhor para nos brindar informação e
ajuda numa viagem é a que já fez antes a travessia. A pessoa melhor para
nos ajudar a suportar uma enfermidade é a que passou por ela. Deus
pode ajudar porque conhece tudo.
Eis aqui pois, a tremenda verdade. Jesus é o Sumo sacerdote
perfeito porque é perfeitamente Deus e perfeitamente homem; porque
conheceu nossa vida pode nos brindar simpatia, misericórdia e poder;
Ele trouxe Deus aos homens e pode levar os homens a Deus. 

Fonte: Comentário Bíblico de William Barclay.

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