quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Tema:

O REPOUSO QUE NÃO DEVEMOS ARRISCAR- Hb. 4.1-10

Aqui temos, pois, o oferecimento supremo de Deus, mas é um
oferecimento que só se faz à confiança perfeita e à obediência plena; um
oferecimento que deve ser aceito agora, antes que seja impossível aceitá-lo.

O REPOUSO QUE NÃO DEVEMOS ARRISCAR
Hebreus 4:1-10

Numa passagem complicada como esta é melhor captar primeiro as
grandes linhas do pensamento e da argumentação, antes de entrar nos
detalhes.

O autor de Hebreus usa aqui a palavra repouso (katapausis) em
três diferentes sentidos.

(1) Usa-a como usaria a frase a paz de Deus. O maior e mais
apreciado bem deste mundo é entrar nessa paz divina.

(2) Como já vimos em 3:12, usa-a com o significado da terra
prometida. Para os filhos de Israel que tinham vagado tanto tempo pelo
deserto a terra prometida era de fato o descanso de Deus.

(3) Usa-a com referência ao descanso de Deus depois do sexto dia
da criação, quando terminou toda sua obra. Esta forma de utilizar uma
palavra em um, dois ou três sentidos, de insistir na mesma até extrair sua
última gota de significado, caracterizava os ambientes de pensamento
culto e acadêmico da época em que foi escrita a carta.

Sigamos agora passo a passo a argumentação.

(1) Ainda permanece firme a promessa do repouso e da paz de Deus
em favor de seu povo. A promessa não mudou; o perigo está em que a
percamos e não consigamos alcançá-la.

(2) Antigamente os israelitas não tinham conseguido entrar no
repouso de Deus. Aqui a palavra repouso usa-se no sentido de descanso,
paz e possessão da terra prometida depois dos anos de perambular pelo
deserto. Evidentemente é uma referência a Números 14:12-23. Ali se
narra como os filhos de Israel chegaram aos limites da terra prometida e
enviaram exploradores para inspecionar o país. Dez destes retornaram
com a conclusão de que efetivamente tratava-se de uma terra boa, mas
com dificuldades insuperáveis para a ocupação. Só Calebe e Josué
estavam decididos a prosseguir a marcha na força do Senhor. O povo
prestou ouvidos os covardes e por isso — por essa covardia e
desconfiança — foi condenado a vagar pelo deserto até o fim de seus
dias. Aquelas pessoas não entraram no repouso que teriam podido
desfrutar, porque não tiveram fé em Deus, num Deus que teria
enfrentado com eles todas as dificuldades. Não tinham confiança nem fé
em Deus, e portanto nunca desfrutaram de do repouso que tivessem
podido ter.

(3) Agora o autor de Hebreus permuta o significado da palavra
repouso. É certo que antigamente o povo tinha perdido o repouso que
teria podido obter, mas apesar de tudo o repouso permanecia. Atrás
deste argumento jaz uma das concepções rabínicas favoritas. No sétimo
dia depois de terminar a obra da criação, Deus tinha descansado de seus
trabalhos. Agora, no relato da criação de Gênesis 1 e 2 há um fato
extraordinário e curioso. Nos primeiros seis dias da criação fala-se do
sobrevir da manhã e da tarde; em outras palavras, cada dia tinha seu
começo e seu fim. Mas no sétimo dia — o dia do descanso de Deus —
não se menciona absolutamente o sobrevir da tarde. A partir daqui os
rabinos argumentavam que enquanto os outros dias concluíam, o dia do
descanso de Deus não tinha fim: era eterno e perdurável. O descanso de
Deus não tem entardecer mas sim perdura para sempre. Portanto, ainda
que na antigüidade os israelitas não tivessem podido entrar nesse
repouso, este ainda permanecia, já que era um repouso eterno.

(4) Novamente o autor volta ao significado anterior de repouso
como a terra prometida. Depois de quarenta anos de peregrinação pelo
deserto chegou finalmente o dia em que o povo pôde entrar na terra
prometida sob a direção de Josué. Agora, esta era a terra do repouso e
portanto podia-se argumentar que então se cumpriu a promessa e que o
povo tinha entrado em seu repouso. Sob Josué se tomou possessão da
terra prometida. Não se cumpriu assim a promessa?

(5) De maneira nenhuma. No Salmo 95:7 Davi ouve a voz de Deus
dizendo a seu povo para que se não endurecerem seus corações entrarão
em seu repouso. Quer dizer, que séculos depois que Josué tinha
conduzido o povo ao repouso da terra prometida, Deus ainda os convida
a entrar em seu repouso. Este repouso consiste em algo mais que na
mera entrada na terra prometida.

(6) E agora vem a chamada final. Deus ainda chama os homens,
dizendo-lhes que não endureçam seus corações, mas que entrem em sua
paz e seu repouso. O "hoje" de Deus persiste; a promessa segue ainda
aberta. Mas o "hoje" não dura eternamente; a vida chega a seu termo; a
promessa pode desperdiçar-se; portanto "entrem mediante a fé na paz de
Deus e conheçam o mesmo repouso de Deus".

No primeiro versículo há uma questão de interpretação muito
interessante. Nossa tradução pode interpretar-se assim: "Tomem
cuidado, não seja que sua desobediência e sua falta de fé e de resposta
possa significar que vocês mesmos excluam-se do repouso e da paz que
Deus lhes oferece. Cuidem de que por sua desobediência e falta de
confiança não se mostrem indignos até de entrar no repouso e na paz de
Deus." Esta é uma tradução perfeitamente possível, e até poderia ser a
correta.

Mas existe ainda uma possibilidade muito mais interessante. A frase
pode significar: "Tomem cuidado de não pensar que vocês chegaram
muito tarde para entrar no repouso de Deus; de não acariciar a ideia de
que vocês chegaram à história muito tarde para poder desfrutar alguma
vez do repouso e da paz de Deus." Nesta segunda tradução se encerra
uma advertência.

 É muito fácil pensar que a grande época da religião
pertenceu ao passado; que a Igreja já passou sua época de ouro. Conta-se
que quando narravam a um menino algumas das importantes histórias
do Antigo Testamento exclamou pesarosamente: "Nesse então Deus
era muito mais emocionante."

Há na Igreja uma continuada tendência de olhar para trás; a pensar
que as grandes manifestações de Deus pertencem ao passado; a crer —
se tivéssemos a suficiente honestidade para lhe dizer — que o braço de
Deus se cortou e seu poder diminuiu; que a época de ouro está no
passado. O autor de Hebreus lança uma clarinada: Não pensem", diz,
"que chegastes muito tarde à história, não pensem que os dias da grande
promessa e os grandes êxitos são do passado. Este é ainda o 'hoje' de
Deus. Há para vós uma felicidade tão grande como a dos santos, uma
aventura tão grande como a dos mártires. Deus é tão grande 'hoje' como
foi sempre."


Nesta passagem encontram-se duas grandes verdades que sempre
têm vigência.

(1) Uma palavra como grande, nobre e digna que seja, não é de
nenhuma utilidade se não chegar a integrar-se pela fé na pessoa que a
escuta. Há muitas maneiras de ouvir neste mundo: ouvir com
indiferença, com desinteresse, criticamente, incredulamente, cínica e
zombeteiramente. O que interessa é escutar com esforço, crer e agir. As
promessas de Deus não são apenas belas peças literárias e declarações
melífluas sem significado; são promessas pelas quais o homem deve
arriscar sua vida e mediante as quais deve impulsionar sua ação.

(2) No primeiro versículo o autor de Hebreus exorta seus leitores a
que tomem cuidado de não perder a promessa. A palavra traduzida
temamos corresponde a fobeisthai que literalmente significa temer. Este
temor cristão não é aquele que faz com que alguém evite uma tarefa,
nem aquele que reduz a uma inação estéril, mas sim aquele que o leva a
investir cada átomo de energia num grande esforço para não perder a

única coisa que vale a pena. 


Fonte: Comentário Bíblico William Barclay

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