sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Tema:

Os benefícios da encarnação de Cristo Hb.2.5-18.

O HOMEM RECUPERA SEU DESTINO PERDIDO (Hebreus 2:5-9)

Este não é, por certo, uma passagem fácil; mas uma vez que
compreendemos seu significado adquire uma importância tremenda. O
autor começa com uma citação do salmo 8:46. Agora, se queremos
entender corretamente esta passagem devemos ter muito em conta que o
salmo 8 refere-se inteiramente ao homem. É o salmo que canta a glória
que Deus concedeu ao homem. Não há nele referência alguma ao
Messias ou a Jesus. Refere-se exclusivamente ao homem. Há neste
salmo uma expressão que dificulta a tarefa de entendê-lo. É a frase o
filho do homem. Estamos tão acostumados a aplicá-la a Jesus que temos
propensão a referi-la sempre a Ele. Mas em hebraico filho de homem
significa simplesmente homem. Basta que nos remetamos ao livro do
profeta Ezequiel para fazer esta comprovação. Repetidamente mais de
oitenta vezes Deus dirige-se a Ezequiel como filho de homem: “Filho do
homem, volve o rosto contra Jerusalém” (Ezequiel 21:2); “Filho do
homem, profetiza e dize...” (Ezequiel 30:2). O significado normal de
filho de homem em hebraico não é outro senão de homem. No salmo aqui
chamado as duas frases paralelas “Que é o homem, que dele te lembres?”
e “Ou o filho do homem, que o visites?” são duas maneiras diferentes de
dizer uma mesma coisa.
O salmo é um grande canto lírico a respeito da glória do homem
segundo o desígnio de Deus. De fato é uma ampliação da grande
promessa de Deus na criação quando Deus disse ao homem: “Dominai
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que
rasteja pela terra” (Gênesis 1:28). De fato, a glória do homem é ainda
maior que a conhecida expressão: “Contudo, pouco menor o fizeste do
que os anjos” (Salmo 8:5, RC). Esta é uma tradução correta da versão
grega dos Salmos mas que não reproduz fielmente o original hebraico
onde diz-se que o homem foi feito menor que os Elohim; e Elohim é a
palavra comum hebraica para Deus. O que o salmista escreveu
efetivamente foi, como na RA, “por um pouco, menor do que Deus”; ou
na B.J., “pouco menos do que um deus". Desta maneira o salmo canta a
glória do homem feito algo inferior ao divino e a quem Deus destinou a
dominar sobre tudo o que há no mundo.
Mas o autor de Hebreus continua. De fato a situação com a que nos
enfrentamos é muito diferente. O homem devia possuir domínio sobre
todas as coisas mas não o tem. É uma criatura frustrada por suas
circunstâncias, derrotada por suas tentações, cercada por suas fraquezas.
Aquele que devia ser livre está aprisionado; aquele que devia ser rei é
escravo. Como disse G. K. Chesterton: "uma coisa é certa: o homem não
é o que deveria ter sido".

Mas então o autor vai ainda mais além. A esta situação veio Jesus.
Ele sofreu e morreu, e porque sofreu e morreu entrou na glória. E esse
sofrimento, morte e glória são em favor do homem, porque Jesus Cristo
morreu para que o homem fosse o que devia ser. Morreu para liberá-lo
de sua frustração, sua escravidão, seu aprisionamento e sua fraqueza e
para lhe conceder o domínio que devia possuir. Morreu para recriar o
homem de maneira que chegasse a ser aquilo para o que originariamente
tinha sido criado.

Desta maneira nesta passagem encontramos três ideias básicas.

(1) Deus criou o homem só um pouco inferior a si mesmo para que
tivesse o domínio sobre todas as coisas.

(2) Pelo pecado o homem se sumiu na frustração e na derrota em
vez de exercer domínio e possessão.

(3) Neste estado de frustração e derrota se introduziu Jesus Cristo
para que por sua vida, morte e glória o homem pudesse ser aquilo para o
qual foi criado.

Para expressá-lo de outra maneira, o autor de Hebreus nos mostra
nesta passagem três coisas.

(1) O ideal do que o homem deveria sersemelhante a Deus e
dono do universo.

(2) O estado atual do homema frustração em vez do domínio; o
fracasso em vez da glória. O homem que foi criado para reinar se
converteu em escravo.

(3) E, por último, como o homem atual pode ser transformado no
homem ideal. A mudança foi operado por Cristo. O autor de Hebreus vê
em Jesus Cristo o único que por seu sofrimento e glória pode fazer com
que o homem seja o que está destinado a ser, e sem Ele nunca poderia
ser.







O SOFRIMENTO ESSENCIAL (Hebreus 2:10-18)


Aqui usa-se um dos grandes títulos de Jesus: o autor (arquegos) da
salvação. O mesmo termo aplica-se a Jesus Atos 3:15; 5:31; Hebreus
12:2. O significado mais simples desta palavra é cabeça ou chefe. Assim
Zeus era a cabeça dos deuses e um general é chefe de seu exército. Pode
significar fundador ou originador. Neste sentido usa-se acerca do
fundador de uma cidade, de uma família, de uma escola filosófica.
Também se emprega como fonte ou origem. Um bom governante, neste
caso o arquegos da paz e o mau governante, o arquegos da confusão. Há
uma idéia básica que ressoa em todas as acepções do vocábulo. Um
arquegos é aquele que começa algo para que os outros possam ter acesso
a isso. Por exemplo, inicia uma família para que outros possam nascer
em seu seio; funda uma cidade para que outros possam habitá-la algum
dia; inaugura uma escola filosófica para que outros possam segui-lo na
verdade e na paz que descobriu por si mesmo. O arquegos é autor de
bênçãos ou de desgraças para outros; é aquele que abre o rastro para que
outros a sigam.
Alguém empregou a seguinte analogia: Suponhamos que um barco
se acha encalhado e a única maneira de resgatá-la à tripulação é que
alguém nade rumo à costa com uma corda, a fim de que uma vez
assegurada esta, outros possam segui-lo. Aquele que nadou primeiro
seria o arquegos da salvação dos demais. Esta é a imagem que Hebreus
nos sugere ao dizer que Jesus é o arquegos de nossa salvação. Jesus é o
pioneiro que nos abriu o caminho para Deus que devemos seguir.
Como pôde Jesus chegar a ser isto? Nossas versões dizem que Deus
o aperfeiçoou por aflições. Aperfeiçoar traduz o verbo teleioun, que vem
do adjetivo teleios, que se traduz geralmente por perfeito. Mas no Novo
Testamento a palavra teleios tem um significado particular. Nada tem a
ver com a perfeição abstrata, metafísica ou filosófica. Aplica-se por
exemplo a um animal sem mancha e adequado para o sacrifício; a um
estudioso que deixa os níveis elementares e chega à maturidade; a um
animal ou um ser humano completamente desenvolvido; a um cristão
que já não está nas fronteiras da Igreja, mas sim recebeu o batismo. O
significado fundamental de teleios no Novo Testamento indica sempre
que a coisa ou a pessoa que se descrevem cumprem completamente o
propósito ou o plano para aquele que foram destinados. No sentido de
novo Testamento uma pessoa é teleios quando cumpre em forma plena o
propósito que Deus lhe atribuiu e para o qual veio ao mundo. Portanto o
verbo teleios não significa tanto aperfeiçoar como fazer inteiramente
adequado e capaz para a tarefa a que alguém está destinado.

Assim, pois, o que o autor de Hebreus diz é que por meio do sofrimento Jesus foi capacitado inteiramente para a tarefa de ser o autor de nossa salvação.
Seus sofrimentos o tornaram capaz de abrir a outros o caminho da
salvação.

E por que é isto assim?

(1) Por meio de seus sofrimentos se identificou realmente com os
homens. O autor de Hebreus cita três textos do Antigo Testamento como
profecia dessa identidade com os homens: Salmo 22:22; Isaías 8:17-18.
Se Jesus tivesse vindo ao mundo numa forma que excluísse todo
sofrimento teria sido absolutamente diferente dos homens e, portanto,
nunca poderia ter sido seu Salvador. Como disse Jeremy Taylor:
"Quando Deus salvou os homens o fez por meio de um homem." De fato
esta mesma identificação com os homens é a própria essência da idéia
cristã de Deus. O básico na idéia grega de Deus era a separação,
enquanto que na concepção cristã é a identidade. Por meio de seus
sofrimentos Jesus Cristo se identificou com os homens.


(2) Mediante essa identidade Jesus Cristo simpatiza com o homem;
literalmente sente com ele. É quase impossível compreender a tristeza e a
dor de outro sem ter passado por tudo isso. Alguém que não tem rastros
de nervos não pode conceber a tortura da nervosismo. Um homem que se
encontra em perfeitas condições físicas não entende a lassidão do que
facilmente se cansa ou o sofrimento do que nunca está livre de dor.
Freqüentemente acontece que uma pessoa inteligente e que aprende com
rapidez não é capaz de entender por que os outros são lerdos e aprendem
com dificuldade. Quem nunca teve pesares não pode entender a dor de
uma pessoa visitada pela desgraça. Alguém que nunca amou não pode
entender nem o estalo de tal nem a dolorosa solidão do coração que ama.
Antes de poder simpatizar com alguém devemos passar pelas mesmas
coisas pelas quais passou essa pessoa — e isto é precisamente o que
Jesus fez.

(3) E devido a esta simpatia Jesus pode ajudar efetivamente. Ele
conhece nossas necessidades; padeceu nossas tristezas; enfrentou nossas
tentações. E por esta razão sabe com exatidão que ajuda necessitamos
e pode nos dar. A verdade suprema de Jesus é que devido ao que
suportou na própria carne pode ajudar aos que passam pelas mesmas
circunstâncias.

Fonte: Comentário Bíblico William Barclay


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