quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tema:

Jesus superior a Moisés

MAIOR QUE O MAIOR (Jesus Superior a Moisés)
Hebreus 3:1-6

Lembremos de novo a convicção com a qual começa o autor de
Hebreus. A base de todo seu pensamento está em que a plena e suprema
revelação de Deus vem através de Jesus Cristo, que só por meio de Jesus
o homem tem verdadeiro acesso a Deus. Começou demonstrando que
Jesus foi superior aos profetas; continuou provando que Jesus supera os
anjos; e agora passa a demonstrar a superioridade de Jesus sobre Moisés.
À primeira vista pareceria tratar-se de um anticlímax. Mas não é
assim, porque no pensamento judeu Moisés ocupava um lugar
absolutamente singular. Moisés foi o homem com quem Deus falou face
a face, como se fala com um amigo; foi o receptor direto dos dez
mandamentos — a lei de Deus — quer dizer, o mais importante do
mundo para o judeu. Moisés e a Lei eram virtualmente uma e a mesma
coisa.
Um mestre judeu do segundo século, o rabino José Ben Jalafta,
dizia comentando esta mesma passagem: "Deus chama Moisés fiel em
toda sua casa e desta maneira o coloca numa categoria superior aos anjos
que o servem." Por esta razão para o judeu o passo que dá o autor de
Hebreus é lógico e inevitável. Se Jesus for superior aos anjos agora
deverá demonstrar que é superior a Moisés que por sua vez supera os
anjos. Esta mesma citação é índice da posição que os judeus atribuíam a
Moisés. "Moisés foi fiel em toda a casa de Deus", é uma citação de
Números 12:6-7. Agora, a argumentação de Números estabelece que
Moisés difere de todos os profetas. A estes Deus se manifestava numa
visão; a Moisés fala "boca a boca". Teria sido impossível que um judeu
concebesse que alguém jamais teria estado mais perto de Deus que
Moisés; e isto é precisamente o que o autor de Hebreus se propõe provar.
O autor pede a seus leitores que considerem Jesus. Usa uma palavra
interessante e sugestiva. A palavra katanoein. Agora, esta palavra não
significa simplesmente olhar algo ou perceber alguma coisa. Qualquer
pessoa pode olhar ou perceber algo sem ver realmente. Significa fixar a
atenção em algo ou em alguém de tal maneira que seu significado
profundo e a lição que dá possam ser assimilados. Em Lucas 12:24 Jesus
usa a mesma palavra quando diz: "Considerem os corvos." Não quer
dizer simplesmente "Lancem uma olhada aos corvos" mas sim "Olhem
os corvos, entendam e aprendam a lição que Deus lhes dá neles." Se
tivermos que aprender a verdade cristã, não é suficiente um olhar opaco,
desinteressado e desprendido; devemos concentrar nosso olhar com um
esforço da mente para ver o que significa para nós.
Em certo sentido a razão está implícita quando o autor fala
com seus amigos como a participantes da chamada celestial. O convite,
o chamado que recebe um cristão têm uma dupla direção. É um chamado
do céu e para o céu; uma voz que vem de Deus e nos convoca a Deus; é
uma chamada que exige uma atenção concentrada tanto por sua origem
como por seu destino, tanto por sua fonte como por seu propósito. Não
se pode olhar desinteressadamente um convite a Deus e desde Deus.
O que vemos, então, quando fixamos nossa atenção em Jesus?
Percebemos duas coisas.

(1) Vemos o grande apóstolo. Agora, nenhum outro no Novo
Testamento jamais chamou apóstolo a Jesus. O fato do autor de Hebreus
fazê-lo deliberadamente é absolutamente claro, porque nunca dá o título
de apóstolo a nenhum homem nem o usa para denominar algum cargo ou
posição dentro da Igreja. Reserva o termo para Cristo. Mas, o que quer
dizer ao usá-lo assim? O substantivo apostolos significa literariamente
aquele que é enviado. Na terminologia judia descrevia os enviados do
sinédrio, a corte suprema judia. O sinédrio enviava apostolos investidos
de sua autoridade e portadores de suas ordens. No mundo grego significa
freqüentemente embaixador. Neste caso Jesus é o supremo embaixador
de Deus.
Qual é a característica do embaixador? Podem-se indicar dois de
suma importância.

(a) O embaixador está investido com todo o poder e a autoridade do
país ou do rei que o envia.
Numa ocasião o rei de Síria, Antíoco Epifânio, tinha invadido o
Egito. Roma desejava detê-lo e para isso recorreu a um enviado chamado
Popilio para que persuadisse Antíoco a abandonar a invasão projetada.
Popilio o alcançou na fronteira egípcia. Conversaram de tudo já que se
tinham conhecido em Roma. Popilio não se tinha apresentado com um
exército, nem sequer com um guarda, sem força alguma. No final
Antíoco lhe perguntou pelo motivo de sua viagem. Com toda calma lhe
respondeu que Roma desejava que abandonasse a invasão e retornasse a
seu país. "Vou ter isso em conta", disse Antíoco. Popilio sorriu com um
olhar inquisidor e com sua fortificação traçou um círculo em torno de
Antíoco dizendo-lhe: "Considera-o e decida antes de abandonar este
círculo." Antíoco o pensou uns segundos e logo disse: "Pois bem,
retornarei a casa." Popilio não dispunha da mais mínima força, mas atrás
dele estava todo o poder de Roma. O embaixador estava revestido com a
autoridade do império do que provinha. Assim também Jesus veio de
Deus revestido com todo o poder de Deus. Toda a graça, a misericórdia,
o amor e o poder de Deus estavam em seu embaixador, seu apostolos,
Jesus Cristo.

(b) A voz do embaixador é a voz do país ou do rei que o envia.
Num país estrangeiro o embaixador fala por sua pátria. É a voz de seu
país. Assim Jesus veio com a voz de Deus; nele fala Deus. Ouvi-lo é
ouvir a voz de Deus.

(2) Jesus é o grande sumo sacerdote. Qual é o alcance desta
expressão? A idéia ocorre com freqüência na Carta. Por agora, nos
conformemos estabelecendo seu significado fundamental. A palavra
latina para sacerdote é pontifex que significa construtor de pontes. O
sacerdote é a pessoa que estende uma ponte entre o homem e Deus. Para
isto deve conhecer tanto ao homem como a Deus; deve ser capaz de falar
a Deus em nome dos homens e aos homens em nome de Deus. Jesus é o
sumo sacerdote perfeito porque é perfeitamente homem e Deus; porque
pode representar os homens perante Deus e Deus perante os homens;
nele Deus se aproxima do homem e o homem se aproxima a Deus; nele
Deus vem aos homens e os homens vão a Deus.
Onde reside, pois, a superioridade de Jesus sobre Moisés? A
imagem que o autor de Hebreus tem em mente é a seguinte. Concebe o
mundo como a casa e a família de Deus. Nós usamos a palavra casa num
duplo sentido: como edifício e como família composta por pessoas.
Falamos de uma casa construída por um arquiteto e da casa dos Hanover
constituída por uma família. Os gregos utilizavam a palavra oikos com o
mesmo sentido duplo. Portanto, o mundo é a casa de Deus e os homens
são sua família. Mas pouco antes nos mostrou a imagem de Jesus como
Criador do universo de Deus. Agora, Moisés só constituía uma parte
deste universo; foi homem e trabalhou num mundo criado; era parte da
casa e membro da família. Mas Jesus é criador da casa e, portanto, deve
permanecer sobre a mesma. Moisés não criou a Lei; só foi seu
transmissor; não criou a casa; só serviu nela; nunca falou por si mesmo;
tudo o disse assinalou só as coisas maiores que Jesus Cristo faria algum
dia. Em síntese, Moisés foi o servo, Jesus Cristo o Filho: Moisés
conheceu algo sobre Deus, Jesus era Deus. Nisto reside a grandeza de
Jesus e o segredo de sua superioridade exclusiva.
A seguir o autor de Hebreus introduz outra imagem. É certo que
todo mundo é a casa de Deus, mas a Igreja o é num sentido especial, pois
Deus edificou a Igreja, criou-a e lhe deu existência. Esta é uma descrição
muito cara aos escritores do Novo Testamento (cf. 1 Pedro 4:17; 1
Timóteo 3:15 e especialmente 1 Pedro 2:5). E este edifício da Igreja só
se manterá em pé, firme e indestrutível, quando cada pedra se mantenha
incomovível, quer dizer, quando cada membro esteja firme na orgulhosa
e confiada esperança que tem Jesus Cristo. Cada um de nós é uma pedra
da Igreja. Se uma pedra for fraca, todo o edifício corre perigo de
desmoronamento; a Igreja só pode permanecer firme quando cada pedra
viva se arraiga e se fundamenta em Jesus Cristo pela fé. 

Fonte: Comentário Bíblico William Barclay

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