quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Tema:

A maravilhosa diferença entre a palavra testamento(Diatheke) e a palavra aliança (syntheke)





A NOVA RELAÇÃO

Hebreus 8:7-13

Aqui o autor de Hebreus começa a tratar uma das grandes idéias
bíblicas básicas: a de uma aliança. Na Bíblia a palavra grega que sempre
se usa para aliança é diatheke. Como veremos existe uma razão especial
para a escolha desta palavra inusitada. Comumente uma aliança é um
acordo entre duas pessoas. O acordo depende de condições que ambas as
partes aceitam: se alguém romper as condições da aliança, a própria
aliança fica anulada.
Algumas vezes o termo usa-se no Antigo Testamento neste sentido
simples. Por exemplo, aplica-se à aliança que os gibeonitas desejavam
estabelecer com Josué (Josué 9:6); à aliança proibida com os cananeus
(Juízes 2:2); à aliança de Davi com Jônatas (1 Samuel 23:18). Mas seu
uso característico é descrever a relação entre Israel e Deus. “Guardai-vos
não vos esqueçais da aliança do SENHOR, vosso Deus” (Deut. 4:23).
No Novo Testamento a palavra também se usa para descrever as
relações entre Deus e o homem. Mas há um ponto estranho que requer
explicação. A palavra grega para acordo no uso normal é syntheke.
Syntheke é o termo para uma aliança matrimonial; para o acordo entre
dois estados. Sempre no grego ordinário toda classe de compromisso ou
acordo ou aliança é sempre uma syntheke. Além disso, normalmente, em
grego diatheke significa não acordo, mas sim testamento.
Por que usaria o Novo Testamento esta palavra inusitada para
aliança? A razão é a seguinte: syntheke descreve sempre um acordo em
termos de igualdade. As partes que intervêm na syntheke estão no
mesmo nível e podem negociar em igualdade de condições. Mas Deus e
o homem não se encontram em igualdade de condições. No sentido
bíblico de aliança toda aproximação e oferecimento procedem de Deus: é
Deus aquele que vem ao homem, oferece-lhe uma relação consigo, e
estabelece os termos nos quais a relação se fará efetiva. O homem não
pode negociar com Deus, não pode discutir os termos e as condições da
aliança. Só pode aceitar ou rechaçar o oferecimento que Deus lhe faz
mas de maneira nenhuma pode alterá-lo ou mudar seus termos.
Agora, o exemplo supremo de tal acordo é de fato um testamento.
As condições do testamento não se dão pela igualdade dos que
participam mas sim só por uma pessoa: o testador; a outra parte não pode
alterá-las como não poderia tê-las estabelecido. O testamento é feito por
uma só pessoa, e a outra parte só pode aceitar ou rechaçar a herança
como lhe é oferecida. Esta é a razão pela qual nossa relação com Deus se
descreve como diatheke, como uma aliança entre partes, das quais só
uma é a responsável. Nossa relação com Deus é-nos oferecida só por
iniciativa e graça de Deus. Como dizia Filo: "A Deus corresponde dar e
ao homem sábio receber." Quando usamos a palavra aliança e pensamos
em termos de contrato lembremos sempre que não pode significar um
negócio do homem com Deus em paridade de condições. Significa
sempre que toda a iniciativa é de Deus; os termos são postos por Deus e
o homem não pode no mais mínimo alterá-los.
Agora, a antiga alterá-los, tão bem conhecida pelos judeus, tinha
sido feita com o povo depois de proclamar a Lei. Deus aproximou-se
graciosamente do povo de Israel e lhe ofereceu uma relação única e
especial consigo. Mas essa relação dependia inteiramente de uma coisa:
da observância da Lei. Vemos que os israelitas aceitam esta condição em
Êxodo 24:1-8. A aliança de Deus com seu povo lhes oferecia uma
relação especial com Ele, mas estabelecia com toda clareza que essa
relação só poderia subsistir enquanto o povo obedecesse a Lei divina. O
argumento do autor de Hebreus é que essa antiga aliança foi anulada e
que Jesus trouxe uma nova aliança, uma nova relação com Deus.
No pensamento desta passagem podemos distinguir certas
características da nova aliança de Jesus.

(1) O autor começa assinalando que a idéia de uma nova aliança
não é algo revolucionário. Já se encontra no Antigo Testamento em
Jeremias 31:31-34 que cita por inteiro; não é uma heresia nova e
estranha que ele inventou: já estava em Jeremias séculos antes. Além
disso, o próprio fato de que a Escritura fale de uma nova aliança mostra
que a antiga não era inteiramente satisfatória; de outra maneira nunca
teria sido necessário mencionar uma nova aliança. Portanto é preciso
notar-se que a própria Escritura tem em conta uma nova aliança e
assinala assim que a antiga não era de modo algum perfeita.

(2) Esta aliança não só será nova; será qualitativamente diferente.
Em grego há duas palavras para novo. Neos descreve algo novo do ponto
de vista do tempo. Uma coisa que é neos pode ser uma cópia exata de
suas antecessoras, mas nova do ponto de vista do tempo por ter sido feita
com posterioridade. Pelo contrário kainos significa novo não só do ponto
de vista do tempo, mas também da qualidade. Algo que é uma simples
reprodução é novo no sentido de neos, mas não no sentido de kainos.
Agora, esta aliança que se introduz é kainos, não meramente neos: difere
qualitativamente da aliança antiga. De fato o autor usa duas palavras
para descrever a aliança antiga. Diz que é geraskon que significa não só
envelhecido mas também em decadência. Diz que está próximo a
afasnismos. Agora, afasnismos é a palavra que se usa para arrasar uma
cidade, apagar uma inscrição ou abolir inteiramente uma lei; indica uma
eliminação ou anulação total. Desta maneira a aliança que Jesus introduz
é nova qualitativamente e anula a antiga, eliminando-a totalmente.

(3) No que é nova esta aliança? É nova em seu alcance. Incluirá a
casa de Israel e a casa do Judá. Agora, mil anos antes, nos dias de
Roboão, o reino se dividiu em dois: Israel com dez tribos e Judá com
duas. Duas partes que nunca voltaram a unir-se de novo. a nova aliança
uniria o que se tinha dividido, eliminaria os cismas, faria com que os
antigos inimigos achassem a unidade.

(4) É nova em sua universalidade. Todos os homens do menor até o
maior conhecerão a Deus. Isto era algo inteiramente novo. Na vida
comum dos judeus havia uma divisão completa. De um lado estavam os
fariseus e ortodoxos que observavam a Lei; do outro lado os que eram
chamados depreciativamente "o povo da terra". Estes eram o povo
comum e simples que não observava plenamente todos os detalhes da
Lei ritual. Por isso eram o objeto de todo desprezo. Estava proibido ter
vinculação alguma com eles; casar uma filha com um deles era tão mau
ou pior que lançá-la às feras selvagens; era proibido viajar com eles e
na medida do possível ter relacionamento ou negócio com eles. Para os
observantes rigorosos da Lei o povo comum não pertencia à boa
sociedade. Mas na nova aliança não existiam mais brechas nem fissuras.
Abrangeria todos os homens. Já não existiria uma classe especialmente
privilegiada. Todos os homens — sábios e ignorantes, grandes e
pequenos — chegariam a conhecer ao Senhor. As portas que tinham
estado fechadas se haviam totalmente aberto.

(5) Mas havia uma diferença ainda mais fundamental. a antiga
aliança dependia da obediência a uma lei que se impunha externamente.
A nova aliança seria escrita nas mentes e nos corações dos homens.
Para expressá-lo de outra maneira, os homens obedeceriam a Deus não
levados pelo medo ou o castigo, mas sim porque o amavam; não porque
a Lei ordenasse fazê-lo forçosamente, mas sim porque o desejo de
obedecê-lo estaria escrito em seus próprios corações. Não seria uma lei
externa, obedecida com relutância; o desejo de obedecer estaria no
próprio coração do homem.

(6) Seria uma aliança cujo resultado seria realmente o perdão.
Vejamos agora como terá lugar este perdão. Deus havia dito que teria
consideração de suas iniqüidades e esqueceria os seus pecados. Agora,
todo isto é de Deus. A nova relação se baseia inteiramente no amor de
Deus. Sob a antiga aliança o homem só podia manter esta relação com
Deus obedecendo à Lei, quer dizer, mediante seu próprio esforço. Agora
pelo contrário tudo depende não do esforço do homem, mas sim da
graça, do amor e da misericórdia de Deus. A nova aliança coloca os
homens em relação a um Deus que é ainda o Deus de justiça, mas cuja
justiça é eclipsada por seu amor. O mais tremendo da nova aliança é que
a relação do homem com Deus já não depende da obediência humana,
mas sim inteiramente do amor de Deus. Ainda é preciso adicionar algo mais. Nas palavras de Jeremias
sobre a nova aliança não há nenhuma menção do sacrifício. Pareceria
que Jeremias cria que na nova era o sacrifício seria abolido por carecer
de pertinência; mas o autor não pode pensar a não ser em termos do
sistema sacrificial; e muito em breve falará de Jesus como do sacrifício
perfeito, cuja morte unicamente fez possível aos homens a nova aliança.


    Fonte: Comentário Biblico, WilliaBarclay, do N.T.

1 Comentários:

  1. De que versão grega você está falando? Certamente não é a LXX pois na mesma não aparece o termo συνθήκη.

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